25 DE SETEMBRO DE 2014
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A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Deputado, devolvo-lhe, com toda a frontalidade, a acusação que tentou
fazer ao Bloco de Esquerda. Tem razão só numa coisa: esta é uma questão ideológica. Mas não aponte para
nós, aponte para o seu Governo, porque a única justificação para a privatização da EGF é a sanha do
Governo em entregar a privados tudo o que dá lucro. Tudo! E isso é ideológico, sim senhor!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel
Tiago, do PCP.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Helena Pinto, em primeiro lugar, em nome do
Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, saúdo-a pelo tema que trouxe a debate. Aproveito
também o momento, nesta primeira linha da minha intervenção, para saudar os trabalhadores, os autarcas, as
populações, que têm mantido a luta em defesa do carácter público das empresas multimunicipais e da EGF.
Sr.ª Deputada, o conjunto de privatizações que se tem verificado até aqui é um autêntico crime contra a
economia nacional. A pretexto do combate ao endividamento, a pretexto do combate à dívida pública,
privatizações atrás de privatização vão sendo feitas e todas elas sem justificação, na nossa opinião, ou com
uma justificação muito aquém do que seria necessário para justificar uma privatização, se é que alguma vez é
necessário abdicar de instrumentos económicos e do interesse público para favorecer interesses privados.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — No caso da EGF, é mais grave por ser mais gritante; é mais grave porque é
mais evidente; é mais grave porque as populações estão satisfeitas com o serviço; é mais grave porque os
autarcas estão a ser traídos de acordo com os compromissos que tinham sido assumidos pelo Estado perante
eles próprios e, através dos autarcas, as populações; é mais grave porque os trabalhadores veem os seus
postos de trabalho, como, aliás, em muitas das privatizações, postos em causa; e é mais grave porque aquele
lucro que a EGF é capaz de gerar para o Estado e o conjunto dos benefícios que entrega às populações não é
minimamente ressarcido com o valor pelo qual a empresa supostamente está a ser privatizada.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Motivos, Sr.ª Deputada? Da parte do PCP, queria perguntá-los ao PSD, já
que, da parte do PSD, o Sr. Deputado foi incapaz de dar um único motivo político que fosse para justificar a
privatização da EGF, recorrendo apenas aos chavões ideológicos habituais.
O Sr. David Costa (PCP): — É uma vergonha!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado Miguel Tiago, já esgotou o tempo de que dispunha.
Faça favor de concluir.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — O motivo é claro e é só um, e também foi por isso que o PCP apresentou,
novamente, um projeto de lei, já nesta Sessão Legislativa, para impedir a privatização da EGF.
O motivo é só um: este Governo, apesar de ter sido eleito pelas populações, não está ao seu serviço,
comporta-se como uma autêntica comissão de serviço aos grandes grupos económicos.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Mais do que manter a EGF no âmbito do Estado, deve manter-se a gestão
de resíduos no âmbito público, porque votamos nos autarcas, votamos nas maiorias, mas não votamos nos
conselhos de administração das empresas privadas.