2 DE OUTUBRO DE 2014
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Sabemos de que lado estamos e continuaremos a estar, do lado da defesa da escola pública e da
valorização dos seus trabalhadores como condição essencial à qualidade da escola pública. Era também
muito importante que o Partido Socialista, que uns dias anda à esquerda, em vésperas de campanha eleitoral,
outros dias, normalmente à sexta-feira, vota à direita, clarificasse a sua postura.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Rita Rato, quero também
cumprimentá-la pelo tema que aqui trouxe, porque, de facto, é preciso debater e rebater a questão da
educação e, designadamente, os argumentos da direita.
Ora, a Sr.ª Deputada terá reparado que o Sr. Deputado do PSD e, também, o Sr. Ministro repetem à
exaustão que 99% das escolas abriram — e param aqui. Mas eu gostaria de lançar um desafio ao Sr.
Deputado. Sr. Deputado, queria que dissesse ao País que 99% das escolas abriram em boas condições, ou
seja, em condições adequadas.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Mas a pergunta é para o Deputado do PSD ou para a Deputada Rita
Rato?
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Isso, o senhor não diz, porque sabe que não é verdade!
Sr. Deputado, é muito grave que cheguemos ao mês de outubro e haja ainda tantos professores por
colocar; é muito grave que cheguemos ao mês de outubro e haja uma carência absurda de professores para
os alunos com necessidades educativas especiais; é uma desgraça que cheguemos ao mês de outubro e haja
escolas com uma carência absoluta de funcionários.
Já aqui foi referido o exemplo de uma escola do concelho do Seixal, onde os meninos que entraram para o
5.º ano — imagine, Sr. Deputado! —, uma semana, têm aulas de manhã, outra semana, têm aulas à tarde, e
assim sucessivamente. O Sr. Deputado consegue imaginar alguma estabilidade na vida destas crianças,
destes pais e desta comunidade educativa? O Sr. Deputado quer dizer que aquela escola abriu em condições
de normalidade? Ó Sr. Deputado, pés assentes na terra, se faz favor!… É isso que se pede, não são pedidos
de desculpa no ar para não resolver quaisquer problemas, são os pés assentes na terra para que a política
consiga resolver os problemas concretos.
O Sr. Deputado também acha normal que uma escola no Monte de Caparica abra outra vez, como
acontece há anos a fio, com os alunos «enfiados» em contentores? Acha que esta escola abriu em condições
de normalidade?! Sr. Deputado, tenha alguma sensatez nas afirmações que faz repetidamente!
Sr.ª Deputada, obviamente, a nossa grande preocupação vai para a forma como este Governo continua
sistematicamente a atacar a escola pública e, designadamente, a afirmar que aquilo que funciona
irregularmente resulta bem.
Gostava de saber, Sr.ª Deputada, se considera que os exemplos que dei têm ou não reflexo no sucesso da
aprendizagem das crianças e na regularidade do funcionamento da comunidade educativa.
Quando estamos a falar de educação, estamos a falar de um assunto muito sério e estamos a falar,
designadamente, da potencialidade e da capacidade que damos para o desenvolvimento deste País. É assim
ou não é, Sr.ª Deputada?
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, as questões que coloca são determinantes. As
condições materiais e humanas da escola pública têm influência direta nas condições de aprendizagem e nas
condições de frequência da escola pública pelos alunos, naturalmente.