I SÉRIE — NÚMERO 7
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necessidades permanentes das escolas e isto ainda mais num contexto de alargamento da escolaridade
obrigatória até aos 18 anos e até ao 12.º ano.
Por isso, o que entendemos, e para nós é uma posição de princípio, é que a cada posto de trabalho
permanente — seja de professores, de funcionários, de psicólogos ou de técnicos de educação especial —
deve corresponder um vínculo efetivo. Estas crianças continuam na escola, os jovens continuam na escola e o
posto de trabalho é efetivamente permanente.
Para nós, é inaceitável que se ande a propagandear a baixa do desemprego à custa daqueles que estão
em situação de desemprego mas a suprir postos de trabalho permanentes na escola pública, daqueles que,
através dos contratos de emprego e inserção, garantem o normal funcionamento das escolas, mas que não
têm um contrato com a escola e estão em situação efetiva de desemprego.
Para o PCP, e na senda do que temos aqui, por diversas vezes, apresentado, devem estes trabalhadores
estar integrados no mapa das escolas e não ser contratados através de contratos temporários. Não estamos a
falar de substituição de trabalhadores doentes, não estamos a falar de substituições por licenças de
maternidade, estamos a falar de necessidades permanentes do sistema, que sucessivamente têm sido
supridas através do recurso ilegal à precariedade.
Por isso, entendemos, Sr. Deputado, que este Ministro, por violar todos os dias a lei de bases do sistema
educativo e a Constituição, ao não assegurar condições mínimas de funcionamento à escola pública, deve,
efetivamente, ser demitido. Ele e o seu Governo PSD/CDS, que encontra na Constituição o obstáculo à sua
política quando, de facto, a Constituição da República Portuguesa é uma âncora que temos para o progresso e
na justiça social do nosso País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Na segunda-feira, no mesmo dia
em que Cavaco Silva e outros chefes de Estado europeus chegaram a Braga, a cidade celebrava o facto com
música.
A ironia amarga do momento é saber que os alunos e alunas que atuavam para a Presidência da República
estão sem aulas. Faltam os professores no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian em Braga, como
faltam no Conservatório de Aveiro ou em todos os outros.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Hoje, Dia Mundial da Música, o Conservatório de Música de Lisboa
mostrou o melhor de si em frente ao Ministério da Educação. À música juntou-se o grito: «queremos aulas»!
Quem diria que em Portugal, em 2014, alunos e alunas teriam de vir para a rua gritar «queremos aulas!».
Dia 1 de outubro, duas semanas depois do início oficial do ano letivo, centenas de milhares de alunos em
todo o País estão ainda sem aulas e não sabem quando as terão. Só em Sintra faltam 200 professores. Em
todas as escolas do País — repito, em todas as escolas do País — deixaram de ter lugar as aulas de
substituição. Agora, quando um professor falta, não há quem o substitua e há 30 ou mais jovens sem aulas.
O «melhor início do ano letivo», para usar as palavras de Nuno Crato, vê quase todas as escolas do País
de «pernas para o ar». O Ministro lá vai pedindo desculpas pela sua incompetência, mas não há desculpas
que valham a quem é responsável pelas escolas não cumprirem o mínimo dos mínimos: ter aulas a funcionar.
Um absurdo que se estende a todos os ciclos e a todas as escolas e que atinge o seu ponto máximo no
ensino artístico. O Conservatório de Lisboa parado; os Conservatórios de Coimbra e Porto praticamente
parados; os Conservatórios de Aveiro e Braga afogados na paralisação dos concursos; no Porto, em Lisboa e
em Coimbra, só em outubro se lançaram as plataformas para a colocação de professores; em Braga e Aveiro
as trapalhadas ministeriais levaram a processos na justiça, que atrasam tudo ainda mais.
E não é só no ensino da música que os alunos e professores desesperam. É em todo o ensino artístico que
se vive a paralisação na escola pública, com a Escola António Arroio, em Lisboa, e a Soares dos Reis, no