I SÉRIE — NÚMERO 7
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É por isso que, da parte do PCP, nunca poderemos estar de acordo com um projeto ideológico que
entende que a escola pública é um qualquer serviço para aquelas famílias que nunca conseguirão pagar a
escola privada.
Pela parte do PCP, nunca nos cansemos de dizer que a escola pública foi uma conquista do regime
democrático e não é favor nenhum que o Governo faz à escola pública assegurar a contratação de
funcionários, de psicólogos e de professores. É, aliás, a sua obrigação constitucional.
Por isso é que entendemos que esta instabilidade não é por acaso, é uma instabilidade deliberada dos que
têm um projeto político de descredibilização da escola pública para que, no próximo ano letivo, estes pais, que
são agora confrontados com a dificuldade em ter os filhos na escola, possam dizer que mais vale gastar algum
dinheiro, mas, pelo menos, vou por o meu filho numa escola onde sei que no primeiro dia de aulas já têm
professores. Isto tem um objetivo político de fundo, que é a descredibilização da escola pública.
Porém, no nosso entendimento, a ofensiva contra a escola pública é uma ofensiva contra o próprio regime
democrático e é isso que este Governo e as bancadas do PSD e do CDS têm de assumir nas suas
responsabilidades, porque, de facto, a escola pública tem um papel fundamental na emancipação individual e
coletiva de um País. É a escola pública que consagra as condições de igualdade a todos, independentemente
das suas condições económicas, sociais e culturais. Esse é o papel da escola pública.
Por isso, entendemos que, de uma vez por todas, é preciso romper com esta política de desmantelamento
da escola pública. Sucessivos governos do PS, do PSD e do CDS têm, à margem da lei de bases do sistema
educativo, desenvolvido medidas contra a escola pública, degradando a sua resposta e isso é,
simultaneamente, uma afronta ao regime democrático,
Sr.ª Deputada, é por isso mesmo que entendemos que o que está em cima da mesa não é apenas uma
luta do PCP, não é apenas uma luta dos professores, não é apenas uma luta dos pais. A luta em defesa da
escola pública é de todos os democratas e de todos os patriotas que sabem a importância do papel da escola
pública e não se cansarão, nunca, de lutar para a sua concretização.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Michael
Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Rita Rato, antes de
mais, deixe-me começar logo por dizer que é um facto que houve uma questão na transposição da lei que
instituía esse regime e a implementação da bolsa de contratação. Essa questão foi identificada. Foi aqui, aliás,
de uma forma algo inédita, digamos, reconhecida e assumida pelo Sr. Ministro da Educação. A nova bolsa a
que os professores acederam para corrigir as suas candidaturas foi encerrada ontem, como sabemos, e,
portanto, essa questão está ultrapassada.
A Sr.ª Deputada só se esqueceu de especificar que esta bolsa de contratação afeta, apenas, 1% das
necessidades das escolas. Repito, apenas 1%. Sr.ª Deputada, pode abanar a cabeça, se quiser, mas não
tenha dúvidas.
Claro que não temos dúvidas de que, para aqueles casos em que ocorreu, representou um problema a
100%. Mas, ao mesmo tempo, a Sr.ª Deputada também não diz que este problema não afetou o início do ano
letivo, porque pode ter havido professores que foram colocados na ordem errada e que ultrapassaram outros
na lista mas foram colocados, deram aulas e estarão a dar aulas até que o erro material, na prática, possa ser
corrigido e os novos professores possam tomar posse das turmas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Que é uma coisa perfeitamente normal, no início do ano letivo!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Portanto, para as famílias e para os alunos, Sr.ª Deputada, nem esse
1% dos problemas se manifestou.
Sobre o segundo ponto que a Sr.ª Deputada referiu, o ensino artístico, queria dizer-lhe que não há memória
de um Governo que tenha colocado tantos professores no ensino artístico como este. Das 1950 vinculações
que houve no final do ano letivo anterior, 149 foram no ensino artístico.