2 DE OUTUBRO DE 2014
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Era importante e era, de resto, nosso desejo (e a pergunta que lhe deixo tem a ver com isso) que este novo
Secretário-Geral e este novo tempo corresponda também a uma nova atitude. Uma nova atitude,
nomeadamente, em relação àquilo que foram declarações do atual Secretário-Geral do Partido Socialista
noutras funções, quer como comentador, quer como Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
designadamente, a Agenda para a Década, de que falou, e a necessidade, que passo a citar, de «celebração
de pactos de regime, nomeadamente em matérias como consolidação orçamental progressiva, adoção de
políticas conducentes ao reforço da competitividade da economia e pela aplicação como contrapartida de
instrumentos propiciadores do crescimento, da criação de emprego e de estabilização do Estado providência».
Ora, Sr. Deputado, o CDS sempre disse que deveriam ser objeto de um amplo consenso entre os partidos
do chamado «arco da governabilidade» matérias como a fiscalidade, o sistema de pensões, de controlo das
contas públicas e de investimentos públicos, que devem ser duradouras, devem ser previsíveis.
Assim, a pergunta que lhe deixo é se pensa que também estas afirmações do então comentador e
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa, hoje, politicamente, o novo Secretário-Geral do
Partido Socialista, poderão ser duradouras, no sentido de, não obstante estarmos a um ano de eleições,
podermos, naquilo que é essencial para a vida dos portugueses, obter um mínimo denominador comum, um
compromisso, que é aquilo que se pede, e resolver os problemas que subsistem, agora que recuperámos a
soberania, depois de um Programa de Assistência Económica e Financeira duríssimo.
É esta a pergunta que lhe deixo, na esperança, obviamente, não só de que o Sr. Deputado e o PSD
respondam positivamente — sei que assim será —, mas, sobretudo, que, na próxima intervenção, o Partido
Socialista também o possa fazer.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José de Matos
Correia.
O Sr. José de Matos Correia (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, é evidente que a
declaração que proferi da tribuna em nome do Partido Social Democrata tem dois objetivos: por um lado,
marcar claramente que é preciso que os políticos tenham uma atitude responsável e, para ter uma atitude
responsável, há que ser capaz de contribuir ativamente para a resolução dos problemas do País. E essa
contribuição é, sobretudo, importante quando se tem responsabilidades políticas.
Palpites, opiniões, primeiras páginas de jornais, lides na comunicação social todos temos a possibilidade
de obter com facilidade. Mas o problema não é esse. O problema é, quando se começam a assumir
responsabilidades políticas, ter a capacidade de dizer e de fazer tudo aquilo que essa assunção de
responsabilidades implica. E a verdade é que, no que diz respeito ao Dr. António Costa, todos nós vimos, num
programa semanal em que ele é participante, uma enorme capacidade de «botar faladura» e de emitir opiniões
sobre todos os assuntos. Quando chegou a altura dos debates políticos — ainda para mais um debate político
de tanta relevância como aquele que envolve a candidatura à liderança de um partido, que, como eu disse da
tribuna, aspira, legitimamente, a ser poder —, é nessa altura, e não enquanto emissor de palpites ou de
comentários, que as pessoas têm o direito de exigir que os compromissos sejam assumidos e que as
propostas sejam feitas. Ora, nessa altura, e como também referi, aos costumes o Dr. António Costa disse
nada.
Portanto, é importante deixar esta nota, porque, ao contrário do Partido Socialista, estamos e sempre
estivemos disponíveis para formatar os consensos de que o País necessite.
Protestos do PS.
A falta de razão é inversamente proporcional à vocalidade, portanto quanto mais gritam menos razão têm.
O Partido Socialista, em nenhum momento da nossa democracia recente, se disponibilizou para
consensualizar o que quer que fosse, mesmo tendo sido o responsável direto das crises em que o País foi
colocado.