3 DE OUTUBRO DE 2014
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Familiar, a forma como este diploma é apresentado vem afetar muito a conciliação, o que não deixa de ser
estranho.
Sr. Ministro, com esta proposta, as crianças passam a poder ficar mais horas nas amas. Quando antes se
estabelecia que ficavam entre 4 a 12 horas por dia até 5 dias por semana, agora vem o Governo propor-nos
que fiquem 11 horas diárias, referência meramente indicativa que os senhores fazem, podendo as crianças
ficar na ama 365 dias por ano. O que os senhores nos estão a dizer é que as amas trabalham 365 por ano. É
este o vosso entendimento sobre conciliação, Sr. Ministro?
Com este diploma, o denominado «contrato de trabalho» aqui referido passa a ser feito entre a família e a
ama. E as creches familiares desaparecem? Qual é a solução que o senhor vai dar às creches familiares?
De forma inequívoca, com este diploma, as amas passam a ser prestadoras de serviços e não têm direito
nem ao pagamento das férias, nem a férias, nem a fins de semana.
É este o vosso conceito de conciliação? Eu acho, Sr. Ministro, que os senhores andam a enganar as amas,
as famílias, vão desregular o que já existe e vão continuar a permitir o exercício de uma atividade ilegal.
Sr. Ministro, quanto vão pagar as famílias por cada criança? No diploma que agora é revogado, havia uma
fórmula de cálculo que determinava com exatidão aquilo que cada família pagava; agora, isso também não
está determinado e o contrato é feito diretamente entre os pais e as amas. E não é admissível, Sr. Ministro,
numa fase em que aumenta a pobreza entre as crianças, que os senhores agravem ainda mais a situação das
famílias.
Em Portugal, os agregados familiares com crianças dependentes têm uma taxa de risco de pobreza de,
pelo menos, 22%, chegando a 40% em famílias com três ou mais crianças. E os senhores propõem-nos
acabar com o subsídio mensal de alimentação, que estava previsto no diploma anterior.
Mas há, nesta proposta, uma tendência escondida que nós não vamos deixar passar, Sr. Ministro.
No diploma de 1984 estabelecia-se que as crianças a acolher pelas amas deveriam ter uma idade superior
a três meses e inferior a três anos e com a vossa proposta não há qualquer referência a uma idade mínima
para que uma criança seja colocada numa ama.
Sr. Ministro, os senhores estão a preparar-se para acabar com a licença de parentalidade?
Protestos do CDS-PP.
São estas as alterações absurdas a que os senhores chamam «conciliação»?!
Aplausos do PS.
Protestos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Sr. Ministro, os senhores estão a transformar as amas em trabalhadoras precárias, mal pagas, a quem se
transmite que se devem substituir às famílias nas férias, nos fins de semana e durante o período de licença de
parentalidade.
Sr. Ministro, a forma encontrada pelo Governo para submeter a esta Câmara o novo regime das amas
inviabiliza qualquer contributo para aperfeiçoar a proposta, e nós lamentamos esse facto.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar.
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — O nosso compromisso é com as crianças, é com as famílias, é com
as profissionais e é com a garantia dos seus direitos.
Aplausos do PS.