I SÉRIE — NÚMERO 10
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O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Sá, o Partido Comunista
Português pretende, sob a capa de uma redução de impostos ao nível do rendimento do trabalho e das
pessoas singulares, não reduzir impostos mas aumentar impostos e criar impostos.
O que V. Ex.ª anunciou da tribuna foi que o PCP pretende criar novos impostos sobre as transações
financeiras, novos impostos sobre o mercado mobiliário, novas taxas no escalão do IRS, agravar as taxas
nominais de IRC, de 23% para 25% — aliás, este agravamento incidirá sobre quem cria emprego e quem cria
riqueza.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O Sr. Deputado não sabe do que está a falar!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr. Deputado, na verdade, o Partido Comunista não pretende reduzir
impostos;…
Protestos do PCP.
… o Partido Comunista pretende criar impostos. E aqui está a primeira grande diferença entre o Partido
Comunista e os partidos da maioria, nomeadamente o Partido Social Democrata, porque o nosso objetivo, Sr.
Deputado, é reduzir os impostos, é reduzir os impostos das empresas e das famílias, e é reduzi-los na medida
das possibilidades do País.
Vozes do PSD: — Muito bem!
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr.as
e Srs. Deputados, o País tem compromissos internacionais, o
País está integrado numa União Económica e Monetária, o País tem metas orçamentais a cumprir, o País tem
de gerir o seu Orçamento em função do cumprimento dessas mesmas metas. Nestas circunstâncias, o
Governo tem tido a preocupação e a responsabilidade de apresentar os Orçamentos que são possíveis para o
cumprimento dessas mesmas metas, das quais faz parte, naturalmente, a receita fiscal, como devem imaginar.
É evidente que o Partido Comunista não tem grandes preocupações sobre esta matéria, por duas ordens
de razões: não tem, porque não é Governo e porque acha que a solução é «não pagamos!», «saímos do euro
e tudo se resolverá»!
Sr. Deputado, o Partido Comunista apresentou aqui um conjunto de propostas de novos impostos e de
novas taxas. Quantifique, Sr. Deputado. Diga quanto vale cada um destes impostos, diga quanto vale cada
uma destas novas taxas e diga se, por essa via, é capaz de cumprir o défice a que Portugal está adstrito.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Paulo Sá, tem a palavra para responder.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira disse aqui que o PCP
pretende criar novos impostos. Essa é uma verdade, mas é uma verdade incompleta, porque o Sr. Deputado
devia ter dito que o PCP pretende criar novos impostos para tributar de forma mais adequada o grande capital.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Se tivesse dito isto assim, teria dito a verdade! Mas o Sr. Deputado preferiu omitir
esta última parte, dizendo que o PCP pretende criar mais impostos. Mas eu friso, Sr. Deputado: o PCP
pretende criar dois impostos — sobre as transações financeiras e sobre o património mobiliário — dirigido às
grandes fortunas e ao grande capital, e isto é muito importante.
O Sr. David Costa (PCP): — Muito bem!