9 DE OUTUBRO DE 2014
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O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Deputado, a nossa proposta visa garantir o financiamento do Estado e as
suas funções sociais, mas, ao mesmo tempo, aliviar a carga fiscal sobre os trabalhadores e também a carga
fiscal sobre as micro e pequenas empresas.
Ora, os senhores esquecem uma parte fundamental da equação, que é a tributação adequada do grande
capital, e só conhecem a tributação sobre as micro e pequenas empresas e sobre os trabalhadores.
Portanto, os senhores tentam criar uma chantagem que passa por dizer aos trabalhadores que, se
quiserem funções sociais do Estado, têm de pagar impostos muito elevados; se não quiserem pagar impostos
muito elevados, têm de abdicar das funções sociais do Estado. E esta conclusão é falsa, porque parte de uma
equação errada, de uma equação à qual os senhores subtraíram dois termos: a tributação sobre o grande
capital e, numa outra dimensão orçamental, algumas despesas do Estado, como, por exemplo, o pagamento
de juros da dívida pública ou as despesas com as PPP, com os swaps, ou a despesa fiscal das SGPS. Os
senhores omitem estas duas componentes da equação e é exatamente isto que não queremos fazer. Nós
queremos considerar a equação completa, com a manutenção das funções sociais do Estado, o investimento
do Estado, o Estado a assegurar os serviços públicos, cumprindo aquelas que são as suas funções, e, por
outro lado, aliviar as micro e pequenas empresas, aliviar os trabalhadores. Como é que isto é possível?
Tributando de forma adequada o grande capital, e é disto que os senhores não querem ouvir falar.
Registo, Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira, que, quando propusemos aqui aliviar da carga fiscal sobre os
trabalhadores, em sede de IRS, o Sr. Deputado manifestou-se contra. Portanto, presumo que irão manter o
saque fiscal, com a reforma do IRS que irão apresentar dentro de dias.
Mas eu não quero fugir à sua pergunta relativa à quantificação.
Sr. Deputado, anunciámos ontem as nossas propostas, iremos, em breve, apresentá-las detalhadamente,
uma a uma, e, nessa altura, apresentaremos — pode ter a certeza, Sr. Deputado! —…
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — … a estimativa para a redução dos impostos, por um lado, e para o aumento dos
mesmos, por outro. Apresentaremos estas estimativas, demonstrando que é possível assegurar as funções
sociais do Estado, aliviar a carga fiscal sobre os trabalhadores,…
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — … aliviar a carga fiscal sobre as micro e pequenas empresas, desde que se
tribute de forma adequada o grande capital. Faremos esta demonstração, tem de ter paciência e aguardar pelo
momento em que apresentarmos as nossas propostas.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para fazer a próxima pergunta, pelo CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado Michael
Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Sá, deixe-me, em primeiro lugar,
cumprimentar a bancada do Partido Comunista Português pelas suas jornadas parlamentares, em nome da
bancada do CDS.
Quero dizer-lhe que tomámos boa nota daquilo que aqui nos trouxe hoje e julgo que, como, aliás, ainda
agora disse, teremos oportunidade de, sobre as propostas concretas, fazer o debate possível e necessário
aqui, no Parlamento. Suponho que o próximo processo orçamental será, para isso, o lugar indicado e
atempado.
Deixe-me também dizer-lhe que nós, na bancada do CDS, como sabe, temos tido vontade de tratar da
moderação fiscal e não da criação de novos impostos ou do aumento dos impostos existentes.
Mas a minha pergunta vai até noutro sentido, vai ao encontro de uma notícia que saiu nos últimos dias e
que tivemos oportunidade de analisar com algum cuidado, que tem a ver com uma medida de apoio ao