O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 10

26

Aqui, hoje, afirmamos: «Sim, está a correr mal! Sim, poderia ter sido evitado! Sim, há lições para o futuro!».

Os sectores estratégicos nacionais têm de estar em mãos públicas, a começar pela TAP, que o Governo

tenta vender à pressão, sobre os escombros da PT, que tanto contribuiu para destruir.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada, a Mesa regista a inscrição dos Srs. Deputados João Oliveira, do PCP,

e Marcos Perestrello, do PS, para fazer perguntas.

Pergunto-lhe de que modo pretende responder, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Responderei um a um, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente: — Com certeza, Sr.ª Deputada.

Sr. Deputado João Oliveira, tem a palavra.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, queria, em primeiro lugar,

saudá-la por trazer este tema à Assembleia da República, em declaração política, e registar este silêncio das

bancadas que apoiam o Governo, que é, de facto, significativo do desinteresse pela perda de ativos

estratégicos para o próprio País, pela perda da capacidade de intervenção pública na economia e em sectores

essenciais, como é o das telecomunicações. E, pelos vistos, não se dão por incomodados, relativamente

àquilo que é um processo de empobrecimento do País a partir de um ativo estratégico, como é a Portugal

Telecom.

Julgo que esta atitude da maioria é significativa daquilo que tem sido a sua orientação política.

Na declaração política que a Sr.ª Deputada teve oportunidade de proferir, fez referência a um aspeto que é

central em todo este processo e que tem a ver com aquilo que é hoje evidente, que é o prejuízo para o País da

política de privatizações, que entrega aos grandes grupos económicos ativos estratégicos para o País, coloca

empresas estratégicas e sectores estratégicos para o País nas mãos do negócio privado. O exemplo da

Portugal Telecom é claríssimo: com a intervenção de vários governos, que se sucederam, na criação de

condições para a efetiva entrega dessa importante empresa pública aos interesses privados, houve a

acumulação do lucro e da especulação, até da especulação financeira, como hoje está claro, e, sobre isto, não

pretendem assumir responsabilidade nenhuma.

Mas há, agora, neste processo, um dado atual, sobre o qual, de resto, hoje mesmo, o PCP questionou quer

a Sr.ª Ministra das Finanças quer o Governador do Banco de Portugal, que tem a ver com a intervenção que

este Governo, suportado pelas bancadas do PSD e do CDS, teve já no destino da Portugal Telecom, porque o

Novo Banco, como herdeiro dos 10% que o BES detinha na Portugal Telecom, participou na Assembleia

Geral, que foi realizada há pouco mais de um mês e que foi decisiva no quadro do processo de fusão com a

brasileira Oi.

Hoje mesmo, de manhã, confrontámos a Sr.ª Ministra das Finanças e o Governador do Banco de Portugal

para saber quem é que, afinal de contas, deu mandato ao Novo Banco para assumir a posição que ali foi

assumida, com que orientação e com que perspetiva estratégica.

Da parte do Governador do Banco de Portugal, a resposta que obtivemos foi a de que a decisão era do

Conselho de Administração do Novo Banco, porque o Banco de Portugal não faz micromanagement — é esta

a forma como o Governador do Banco de Portugal se refere a uma empresa estratégica para o futuro do País!

E da parte da Sr.ª Ministra das Finanças, nem uma palavra!

Ora, o que queria perguntar-lhe, Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, é se entende, ou não, como o PCP

entende, que este processo não pode passar à margem da responsabilidade política de quem tem intervenção

nesta matéria, nomeadamente por parte do Governo.

Pergunto-lhe, Sr.ª Deputada, se entende, ou não, que é inaceitável que o Governo português e as

bancadas que o apoiam na Assembleia da República manifestem este grau de desprezo pelo futuro de uma

empresa estratégica para o desenvolvimento do País e que não pode, obviamente, ficar sujeita, não pode ficar

à mercê das lógicas da especulação financeira e da acumulação de lucro, como, de resto, é evidente neste