9 DE OUTUBRO DE 2014
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A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Adão Silva, tem quatro pedidos de esclarecimentos, dos Srs.
Deputados Sónia Fertuzinhos, do PS, Jorge Machado, do PCP, Mariana Aiveca, do Bloco de Esquerda e Artur
Rêgo, do CDS-PP.
A Mesa tem a informação de que vai responder em conjuntos de dois.
Dou a palavra à Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos, para pedir esclarecimentos.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Sr.ª Presidente, o Sr. Deputado Adão Silva iniciou e terminou a sua
intervenção dizendo: «quando se escrever a história desta Legislatura». E continuou dizendo que, quando se
escrever a história desta Legislatura, «falaremos em anos de chumbo, falaremos em anos de combate». Não
sei, Sr. Deputado, mas sei de uma coisa: quando se escrever a história desta Legislatura falar-se-á dos anos
de desastre.
Aplausos do PS.
Anos de desastre de um Governo que fez todas as opções erradas, opções erradas que agravaram as
dificuldades e não resolveram nenhum dos problemas do País, nem os problemas conjunturais — veja-se a
dívida — nem os problemas estruturais — veja-se a evolução da nossa economia.
Sr. Deputado, este é «um Governo que não esconde dificuldades»? Sei que já passaram três anos desde
que os senhores — o PSD, a maioria — fizeram campanha e ganharam as eleições, mas recorda-se do que o
seu partido escreveu no programa e prometeu nas eleições, antes de as ganhar eleições e iniciar funções no
Governo? Recorda-se de dizer que chegava de castigar os mesmos, chegava de cortes sobre salários e
pensões?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Recorda, recorda, todos os dias reza um terço à conta disso!
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Negavam a necessidade de fazer cortes nas pensões porque tinham
não sei quantos especialistas que já tinham todas as contas feitas. O Primeiro-Ministro dizia, então, em
campanha, «posso assegurar aos portugueses: o PSD tem as contas feitas, não vamos cortar salários, não
vamos cortar pensões».
Esconder dificuldades, Sr. Deputado? Dialogar na concertação social? Quanto ao primeiro acordo na
concertação social, a que o Sr. Deputado se referiu, os parceiros não se cansam de dizer que, nestes três
anos, o Governo não cumpre a parte essencial, que tem a ver com medidas de apoio ao crescimento.
E se quiser falar do acordo sobre o salário mínimo, Sr. Deputado, que o PS já disse que é positivo, não nos
podemos esquecer que esse acordo surge depois dos parceiros sociais andarem a dizer, há mais de dois
anos, que havia condições para ele ser alcançado e o Governo só o alcançou — se calhar por acaso! — a um
ano das próximas eleições.
E, Sr. Deputado, quanto ao segundo resgate, o Sr. Deputado vem vangloriar-se que, afinal, não foi preciso
um segundo resgate mas quem ameaçou com a necessidade de um segundo resgate — permita-me avivar-
lhe a memória — foi o seu Primeiro-Ministro, em campanha eleitoral para as últimas autárquicas. Portanto, não
venha dizer que a não existência de um segundo resgate é um grande resultado desta maioria quando quem
ameaçou com a possibilidade de haver a necessidade de um segundo resgate foi exatamente o Sr. Primeiro-
Ministro Passos Coelho.
E valeu a pena, Sr. Deputado? O senhor não deve ter lido os jornais desta semana, em que se dava nota
de como as prestações sociais dirigidas aos mais pobres, o RSI e o CSI, caíram nos últimos anos e de como a
pobreza, a intensidade da pobreza, aumentou em todos os grupos sociais.
É claro que o Sr. Deputado vai repetir que aumentaram as pensões mínimas, mas o Governo e os Srs.
Deputados aumentaram as pensões mínimas desistindo do complemento solidário para idosos. Já agora,
gostava que me explicasse como é que, em 2012, o ano em que aumentaram as pensões mínimas, o INE
tenha dito que a pobreza nos idosos aumentou.