9 DE OUTUBRO DE 2014
33
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.
O Sr. Deputado diz que os sacrifícios valeram a pena. A minha pergunta é: para quem? Os pobres estão
cada vez mais pobres; a dívida aumentou; o défice é o que é; há 1,4 milhões de trabalhadores desempregados
e mais de 300 000 emigraram. Valeu a pena, diz o Sr. Deputado. Não valeu a pena, não resolveram nenhum
dos problemas e o Governo PSD/CDS-PP vai ser lembrado como uma página negra da História do nosso
País.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos, sabe que tenho uma enorme
consideração e estima por V. Ex.ª. O Partido Socialista mudou, nos últimos tempos, a sua liderança — ou vai
mudar a sua liderança —, mudou muito da sua faceta e também pensei que a nova direção do Grupo
Parlamentar do Partido Socialista mudasse um pouco o seu discurso e não se quedasse nestes chavões mais
ou menos batidos e rebatidos.
Gostaria de incentivar, enfocar e sublinhar, incitando até o Presidente da sua bancada, Dr. Ferro
Rodrigues, para esta questão concreta que coloquei. Coloquei uma questão muito concreta: os senhores estão
ou não disponíveis para, em sede parlamentar ou fora dela, chegarmos a um estudo, a uma análise, uma
avaliação que propicie que um próximo governo possa fazer um ajustamento sustentador das pensões em
Portugal? Esta é a pergunta essencial, Sr.ª Deputada, não me interessa esse conjunto de chavões, não me
importa esse tipo de exercícios de agressividade, de dialética, não me importa nada disso. Só quero saber se
sim ou não.
VV. Ex.as
, hoje, não me responderam, mas vão ter de me responder. Ou melhor, já tenho aqui uma
semirresposta, do Sr. Deputado Vieira da Silva, que é um Deputado relevante, sempre o foi e continua a ser,
que nos diz: «tenho uma grande simpatia por sistemas mistos de pensões». Ao ler isto, pensei: bom,
começámos aqui uma conversa frutuosa.
Portanto, em nome dos portugueses, dos cidadãos, dos atuais pensionistas e daqueles que querem e têm
direito a ser futuros pensionistas, em nome dos valores mais sagrados daquilo que é a solidariedade social e
das pensões, em nome destes portugueses, insisto em saber qual é a posição do Partido Socialista em
relação a esta questão que está em cima da mesa.
Em relação ao Sr. Deputado Jorge Machado, não tenho muito a responder. V. Ex.ª traz aqui um conjunto
de clichés, de frases feitas, sobre a sustentabilidade da segurança social, mas há uma coisa que é verdade,
Sr. Deputado: este Governo preza a sustentabilidade da segurança social.
Protestos do Deputado do PCP Jorge Machado.
Números são números, Sr. Deputado, e, veja bem, para lá de todas as transferências que o Governo é
obrigado a fazer no âmbito da Lei de Bases da Segurança Social, nestes últimos três anos fez uma
transferência adicional de 3600 milhões de euros para a sustentabilidade do sistema previdencial.
V. Ex.ª diz que as pensões mínimas têm aumentos pequenos. É verdade, mas tiveram sempre aumentos
acima do nível da inflação.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Não tiveram, não!
O Sr. Adão Silva (PSD): — E, mais, Sr. Deputado, vão continuar a ter aumentos acima da inflação. Aqui se
vê que há uma sensibilidade social da parte deste Governo, da parte desta maioria, sem embargo das
enormes dificuldades que atravessamos.
Aplausos do PSD.