I SÉRIE — NÚMERO 15
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No que diz respeito à política económica e à política de crescimento e emprego, acolhemos com satisfação
o programa de investimento anunciado pelo novo Presidente eleito, Juncker, no montante de 300 000 milhões
de euros. A task force desenhada para encontrar as novas áreas prioritárias para este novo programa de
investimento começou a trabalhar há uma ou duas semanas e a nossa participação é assegurada pelo
Secretário de Estado das Finanças.
É importante desenvolver um programa que tenha um âmbito nacional, que permita encontrar as melhores
soluções depois de um processo de diálogo com os parceiros sociais, e é importante também que saibamos,
desta vez, escolher as prioridades inteligentes, bem desenhadas e bem direcionadas para o investimento
público. O investimento público tem, evidentemente, um papel a desempenhar, um papel de catálise do
investimento privado, de atração do investimento privado e de preenchimento daqueles bloqueios que existem
e não podem ser preenchidos pelo investimento privado. Mas tem de ser um papel inteligente e estratégico.
No que diz respeito à política de combate ao desemprego, tivemos, no passado dia 8, a terceira Cimeira
sobre o Emprego Jovem. Julgo que Portugal é um bom exemplo de como as políticas europeias de emprego
podem ter resultados. A queda do desemprego em Portugal resulta, também, da mobilização dos recursos da
política europeia de combate ao desemprego e Portugal, nesse ponto de vista, é talvez o melhor exemplo de
como a política europeia de combate ao desemprego pode ter resultados e relativamente rápidos.
Quanto à segunda prioridade, a questão das migrações, por um lado, temos de garantir que a livre
circulação dentro da União Europeia continue a ser um direito sem exceções e sem limitações — apenas 4%
da população total da União Europeia vive fora do seu país de origem, o que é um número demasiado baixo —
e, por outro, temos de garantir que a imigração de fora da União Europeia obedeça a um sistema europeu
integrado, nomeadamente a um sistema europeu de asilo que seja verdadeiramente integrado, que não tenha
disfunções e contradições internas, e que o Frontex, como agência europeia de controlo e gestão das
fronteiras externas, possa ser reforçado, de um modo que acolha o consenso dos vários Estados-membros.
Em terceiro lugar, igualmente importante é a cooperação com os países de origem e trânsito de migrantes,
para o que teremos também, no fim de novembro, uma reunião importante em Roma, para prosseguir o
processo de Rabat.
Finalmente, quanto à política externa, sobre a qual já fiz algumas reflexões, é uma prioridade da
presidência italiana, por um lado, garantir que a questão ucraniana possa ser resolvida no respeito pelo direito
internacional e reforçando a estabilidade das fronteiras europeias e, por outro, olhar para a vizinhança a sul e
garantir que também aí podemos reduzir a instabilidade.
Terminaria, então, com a questão do pacote de energia e clima, que é o tema principal do Conselho
Europeu da próxima semana, e há algumas notas importantes a fazer sobre este tema.
Temos uma posição muito ambiciosa no que diz respeito às metas de clima e de ambiente e é essa a
posição que queremos que a União Europeia leve à conferência COP 21 (Conferência das Partes), em Paris,
no próximo ano, mas achamos — e isto é igualmente importante — que, para que estas metas possam ser
realizadas, e como complemento necessário destas metas, é preciso levar a bom termo a criação do mercado
interno de energia, um mercado que funcione e que depende, evidentemente, da criação de interligações e,
sobretudo, no que nos diz respeito, de interligações entre a Península Ibérica e o resto da Europa.
A Península Ibérica pode ser, por um lado, uma fonte importante de energia com origem em renováveis,
que pode depois ser exportada para a União Europeia. Por isso, não faz sentido estar a investir em centrais de
carvão em outros países da União Europeia ao mesmo tempo que o potencial em excesso de energia a partir
de fontes renováveis na Península Ibérica não é exportado.
Por outro lado, só poderemos ter o retorno necessário e útil dos nossos investimentos em energia
renovável se tivermos estas interligações. Desde 2002 que existe a meta de 10% para as interligações. Essa
meta nunca foi realizada no que diz respeito à Península Ibérica. Continuamos com uma capacidade de
interligação que corresponde apenas a 1.4% da capacidade instalada e é isto que tem de mudar. A nossa
posição neste Conselho Europeu é clara: precisamos de avançar rapidamente para esta meta de 10% e
alargá-la, até 2030, para uma meta de 15%, que é, no nosso entendimento, aquela meta que garante o
funcionamento do mercado interno da energia.
Também aqui podemos relacionar estes objetivos de política de energia com o novo plano de investimentos
do Presidente Juncker. Julgamos que o investimento nas interligações de energia pode ser uma parte
importante deste novo plano de investimentos.