I SÉRIE — NÚMERO 15
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No entanto, o que é certo, e reafirmo, é que, com base em dados oficiais, os bancos hoje sofrem uma
tributação efetiva de 30%, a mais elevada de sempre. E este é um elemento essencial, em termos de
equidade social, porque as grandes empresas, nomeadamente o setor financeiro, devem ser chamadas, como
o Governo sempre disse, a pagar uma tributação acrescida na altura e no momento que o País está a
atravessar.
Protestos do PCP.
Em terceiro lugar, relativamente à questão colocada pelo Sr. Deputado do Partido Socialista, em termos
europeus — e Portugal acompanha esse esforço — o combate à fraude e à evasão fiscal fazem-se em dois
planos: num primeiro plano, legislativo, transpomos a diretiva; num segundo plano com a aprovação de um
acordo que vai ser inovador e que será assinado no mês de outubro entre todos os Estados-membro da União
Europeia, no sentido de pela primeira vez se institucionalizar a troca automática de informações entre as
administrações fiscais. Estou convencido de que esse acordo será um passo muito importante, decisivo, no
reforço do combate à fraude a nível europeu, nomeadamente em matéria de IRC.
Finalmente, em relação à pergunta colocada pelo Bloco de Esquerda, de facto, a nível europeu e em
matéria de tributação direta, em termos académicos, a questão pode colocar-se em dois planos: ou numa
lógica de concorrência entre os Estados-membros ou numa lógica de harmonização. Sr. Deputado — e falo
em nome pessoal —, em termos de tributação direta, sou muito mais favorável à concorrência do que à
harmonização, porque entendo que a tributação direta faz parte do núcleo de competências soberanas dos
Estados-membros que não devem ser harmonizadas a nível europeu.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Ainda para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Galamba.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, ainda bem que nos esclarece
sobre esta sua posição, que, como está no Parlamento a falar em nome do Governo, não é uma posição
pessoal, é uma posição do Governo português.
É por essa razão que o Partido Socialista não acompanhará o Governo na descida da taxa de IRC este
ano. De facto, temos uma visão radicalmente diferente da que tem o Governo em matéria de IRC e
consideramos, ao contrário do Sr. Secretário de Estado, que a concorrência fiscal não é um ato de soberania,
mas é, na realidade, a sua negação e acabará com a capacidade prática dos Estados cobrarem qualquer
imposto a uma empresa.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, não há mais inscrições para este debate.
Sendo assim, vamos prosseguir com o ponto 5 da ordem do dia. Despeço-me do Sr. Secretário de Estado
dos Assuntos Fiscais e, como o debate que se segue conta também com a participação do Governo,
cumprimento o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Europeus, que já se encontra junto de nós.
Srs. Deputados, a Conferência de Líderes assumiu a convergência temática dos temas que integram o
ponto 5 da ordem de trabalhos, pelo que, conjuntamente, procederemos ao debate sobre as prioridades da
presidência italiana do Conselho da União Europeia, ao debate referente ao relatório anual do Governo sobre
a participação de Portugal na União Europeia relativo ao ano de 2013 e ao debate preparatório do Conselho
Europeu a realizar nos dias 23 e 24 de outubro, ao abrigo da alínea f) do n.º 1 do artigo 4.º da Lei de
Acompanhamento, Apreciação e Pronúncia pela Assembleia da República no âmbito do Processo de
Construção da União Europeia.
Para proceder à sua abertura, dou a palavra ao Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Europeus.
Tem a palavra, Sr. Secretário de Estado.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Europeus (Bruno Maçães): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Os três temas têm, de facto, uma coerência. Sugeria que começássemos pelo