18 DE OUTUBRO DE 2014
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O Sr. José Ribeiro e Castro (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, uma vez que a Mesa anunciou a minha
inscrição para pedir esclarecimentos ao Sr. Secretário de Estado, estava à espera que a Sr.ª Presidente me
desse a palavra para esse efeito.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, de facto, está inscrito, mas ficou acordado que o Sr. Secretário de
Estado responderia, conjuntamente, a grupos de quatro Srs. Deputados.
O Sr. José Ribeiro e Castro (CDS-PP): — Muito bem. Peço desculpa, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Europeus.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Europeus: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Vitalino Canas, na
minha intervenção inicial, de 10 curtos minutos, acho que dediquei 2 ou 3 minutos ao plano de investimento do
futuro Presidente Juncker, pelo que não pode acusar-me de ter esquecido o programa de investimento.
Sobre a questão da flexibilidade orçamental, acho que Portugal é um bom exemplo de como devemos olhar
para a questão da flexibilidade orçamental e da análise de sustentabilidade orçamental. Se reparar, a dívida
pública é, hoje, mais alta do que era há cinco ou seis anos, é, hoje, mais alta do que era há três anos. Por que
é que Portugal paga menos juros nos mercados hoje do que pagava há três anos? Porque a questão decisiva
não é estática, não é olhar para o valor estático da dívida. A questão decisiva é olhar para a trajetória do longo
prazo. E enquanto essa trajetória há quatro anos era uma curva ascendente sem fim, hoje em dia já entrou
numa curva descendente.
É evidente que a nossa análise da dívida pública e do défice tem de ser uma análise dinâmica e, desse
ponto de vista, faz todo o sentido que levemos em consideração perspetivas de crescimento e, por exemplo, o
impacto que as reformas estruturais podem ter na trajetória do crescimento, porque a trajetória do crescimento
tem evidentemente efeitos ao nível da sustentabilidade da dívida pública.
Por isso, faz todo o sentido — e está já previsto nas regras, como o Sr. Deputado reconheceu — que
façamos uma análise que combine, por um lado, os planos de redução da dívida e do défice e, por outro, as
reformas estruturais. É isso que está previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento. As reformas estruturais
permitem acrescentar um nível de flexibilidade às metas orçamentais. Essa flexibilidade tem sido usada e deve
continuar a ser usada — desse ponto de vista, não há qualquer novidade.
Quanto à pergunta do Sr. Deputado Miguel Tiago, acho que tem toda a razão em exigir que o Governo seja
claro sobre esta matéria. Julgo que a Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças foi absolutamente clara e
respondeu sem qualquer ambiguidade a esta pergunta.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Já foi desmentida!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Europeus: — Julgo que a Comissão Europeia também já se
pronunciou. Por isso, desse ponto de vista, o Partido Comunista Português tem razões para olhar para as
respostas e verificar se está ou não satisfeito. O que não pode é exigir do Governo uma resposta mais clara do
que aquela que foi dada, que é perfeitamente clara e sem ambiguidades.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Foi desmentida pela Comissão!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Europeus: — Sr. Deputado António Rodrigues, quanto à
questão do orçamento, é evidente que o orçamento tem de respeitar as regras, que são regras comuns. Sabe,
muitos entendem que a crise do euro começou não em 2009 mas em 2003, quando essas regras foram
desrespeitadas pela França e pela Alemanha. É muito importante que o sistema de regras comuns seja
respeitado e continue a ser respeitado.
Para ser mais direto na resposta à sua pergunta, direi que, se o orçamento dos Estados não for
considerado adequado pela Comissão, ela terá de o devolver aos Estados, estes têm 15 dias para o rever e a
Comissão, depois, deverá reavaliar esse orçamento. Numa fase posterior, isso pode dar lugar a sanções ou a