18 DE OUTUBRO DE 2014
25
E os resultados estão aqui! Os resultados estão à vista, quer o Sr. Secretário de Estado queria ou não ler
jornais internacionais! Há uma crise humanitária na Grécia! Há 50% de desemprego jovem em Espanha! Há
25% de pobres em Portugal! Há uma geração inteira de jovens — e não é só em Portugal, é em Portugal, em
Espanha, na Grécia ou, mesmo, na Alemanha — a quem foi exigido tudo e a quem não foi dada nenhuma
oportunidade.
É essa geração que se revolta na Grécia, é essa geração que se revolta em Espanha. Há uma economia,
uma União Europeia em risco de uma terceira recessão, uma União Europeia que não consegue combater a
deflação, que não consegue criar emprego, que não consegue resolver a dívida, que não tem mais
instrumentos para o fazer, porque a sua teoria faliu. Faliu! Não tem instrumentos para lidar com aquilo que tem
à sua frente.
A Europa fracassou e há também quem se alimente disso: há nazis na Grécia; há extrema-direita em
França; há extrema-direita na Bélgica; há extrema-direita no Reino Unido; há extrema-direita a florescer pela
Europa, extrema-direita racista, xenófoba, extrema-direita que cresceu e de quem esta direita da austeridade é
corresponsável pelo seu crescimento.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Uma extrema-direita que cresce da falta de oportunidades, uma extrema-direita que cresce da pobreza,
que cresce da impotência perante este regime completamente subjugado aos esquemas financeiros.
Srs. Deputados, podem vir dizer agora que o crescimento e emprego são as prioridades da Presidência
italiana da União Europeia. Dei-me ao trabalho de ir ver as prioridades da Presidência grega da União
Europeia — crescimento e emprego. Fui ver também as da Presidência lituana da União Europeia —
crescimento e emprego. Fui ver as da Presidência irlandesa da União Europeia — crescimento e emprego. Fui
ver as da Presidência polaca da União Europeia — crescimento e emprego. Fui ver até as da Presidência
húngara da União Europeia — crescimento e emprego.
Desde 2011 que todas a presidências da União Europeia prometem crescimento e emprego e todas
fracassaram. Todas fracassaram! E fracassaram, porque é preciso uma política, de facto, diferente, é preciso
mecanismos políticos diferentes.
O País não precisa de um Governo que rejeite a solidariedade com os países que estão na mesma
situação, que rejeite a solidariedade com o povo grego, que rejeite a solidariedade com o povo espanhol para
ser subserviente à Alemanha.
O País precisa de uma política monetária diferente, precisa de um Banco Central Europeu que invista na
dívida pública, em vez de emprestar a 0% aos bancos para os bancos virem especular contra a dívida pública.
O País precisa de uma política fiscal diferente, precisa de uma União Europeia que taxe as transações
financeiras, que tenha um orçamento europeu decente, capaz de apoiar os Estados no seu desenvolvimento.
O País precisa de uma União Europeia que consiga ter mínimos — mínimos de salários, mínimos de
serviços públicos — e não um sistema de concorrência fiscal que faz com que cada País corra para o fundo,
com impostos cada vez mais baixos sobre o capital que, depois, recaem sobre o trabalho, como agora bem se
vê com este Orçamento do Estado — segunda descida do IRC e o IRS continua nos topos, tal como o IVA,
que tanto prejudica a economia.
A União Europeia precisa de uma política de coesão de facto, não só para dentro mas para fora. Não
precisamos de afastar mais imigrantes; não precisamos de reforçar o Frontex; não precisamos de ter centenas
de pessoas à morte às portas da União Europeia, como temos hoje; não precisamos de uma política que
afasta os imigrantes e os trata como se eles não tivessem também um lugar aqui, como se a União Europeia
também não precisasse deles para combater o défice demográfico e como se não fosse direito de qualquer
cidadão do mundo viver e trabalhar aqui.
A Europa só vale assim! A União Europeia só vale se for de solidariedade! A União Europeia só vale se for
de democracia! A União Europeia só vale se for para ter mais serviços públicos! A União Europeia só vale se
for para rejeitar o tratado orçamental e para rejeitar a austeridade! A Europa só vale se for para os povos;
senão não vale a pena!
Aplausos do BE.