I SÉRIE — NÚMERO 24
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económico, social, financeiro e ambiental de cada uma das medidas propostas e que nos permite, hoje, ter a
noção clara do impacto de cada uma das medidas que defendemos com esta reforma.
Esta reforma surge, desde logo, da necessidade de reduzir a nossa dependência energética do exterior na
ordem dos 70%, isto é, importamos entre 7000 a 10 000 milhões de euros de energia todos os anos e, ao nível
das alterações climáticas, todos os estudos internacionais apontam para o facto de Portugal ser, na zona euro,
o País mais afetado pelas alterações climáticas, quer ao nível dos recursos hídricos, quer ao nível do litoral.
Esta é uma oportunidade única, porque temos talentos, temos recursos, temos investigação, temos
tecnologia e temos de aproveitar esta mais-valia, nomeadamente o potencial de promovermos o crescimento
económico pela economia verde que hoje significa, em termos globais, cerca de 4 biliões de euros e tem um
crescimento previsto de 4% por ano na União Europeia.
Aproveitando estas oportunidades, temos de promover aquilo que é uma reorganização de
comportamentos, com vista a uma melhor eficiência e utilização de recursos. Esses comportamentos visam,
sobretudo, fazer com que quem produzir verde possa ter mais competitividade e mais ganho e para quem
consumir verde possa poupar mais.
Esta é, nomeadamente, a oportunidade que temos para aproveitar três objetivos que conseguimos com
esta proposta de reforma da fiscalidade ambiental. Desde logo, conseguimos proteger o meio ambiente,
conseguimos promover o equilíbrio das contas públicas e conseguimos fomentar o crescimento e o emprego.
Um comunicado da própria União Europeia diz-nos que nos últimos quatro anos, ao nível do emprego nos
setores verdes da União Europeia, houve um aumento de cerca de 20%. Portanto, esta é uma oportunidade
que não podemos desperdiçar.
Sr. Ministro, face a esta realidade, a pergunta que urge fazer é a seguinte: quais são os custos para o
nosso País, no presente e no futuro, se não fizermos nada? Quais são os custos para os portugueses e para o
nosso País se ficarmos de braços cruzados perante esta realidade?
Deixava-lhe um alerta que é comum à maioria dos cidadãos portugueses: nós, em Portugal, não
precisamos de reformas a pensar em eleições; aquilo de que precisamos, no nosso País, é de reformas como
estas, que sejam feitas a pensar em salvaguardar o futuro das novas gerações.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do Deputado do PCP Miguel Tiago.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta cabe a Os Verdes.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, por acaso, julgo que o
início da sua intervenção foi muito interessante, foi bastante elucidativo.
Sr. Ministro, sabe por que é que o teve necessidade de começar este debate a dizer que não estamos aqui
num debate sobre fiscalidade? Porque teve a tentação de contrariar aquela que é a evidência e aquela que é a
realidade, pois, na verdade, estamos num debate sobre fiscalidade.
Não estamos a discutir a fiscalidade como um instrumento da política de ambiente, Sr. Ministro, estamos a
discutir o ambiente como um instrumento da política fiscal, o que é extraordinariamente preocupante, porque
aquilo que este Governo e esta maioria estão a fazer é a usar o ambiente para obter mais receitas fiscais. E
isso preocupa muito Os Verdes, Sr. Ministro.
E é isso, também, que nos leva a contrariar aquela que nós designamos como uma «fiscalidade ambiental
laranja», porque ela tem muito de componente ideológica.
Há, ainda, outra questão: acho que o Sr. Ministro é traído pelas suas próprias palavras. O Sr. Ministro faz
questão de chamar a isto uma «reforma» da fiscalidade ambiental, porque tem uma visão global sobre todos
os setores ou porque aborda transversalmente todas as áreas. Como é possível alguém pensar numa reforma
desta natureza e não fazer um mínimo de incentivo ao novo paradigma de mobilidade, com o aliciamento dos
cidadãos à utilização do transporte coletivo para largar o automóvel individual e passar para uma mobilidade
coletiva?!