I SÉRIE — NÚMERO 25
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A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta cabe ao PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, hoje, graças ao Governo, temos 2,6 milhões
de portugueses em risco de pobreza.
A pobreza afeta os desempregados, afeta cada vez mais os idosos, ao contrário do que o Sr. Ministro
disse, afeta as crianças e afeta, de uma forma cada vez mais significativa, os trabalhadores.
Hoje, há cada vez mais trabalhadores que, trabalhando, empobrecem. O ataque aos salários e direitos dos
trabalhadores, a precariedade, o agravamento da exploração levam a que mais de 10% dos trabalhadores
empregados estejam em risco de pobreza e a média dos rendimentos não para de diminuir.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Inseridos num processo de concentração da riqueza, PS, PSD e CDS,
com os seus sucessivos Governos, são responsáveis por uma profunda alteração da estrutura da distribuição
da riqueza no nosso País.
Em 1975, 60% da riqueza nacional destinava-se ao pagamento de salários; em 2013, os salários
representam apenas 38% da riqueza nacional.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Para que se perceba a dimensão do processo de concentração de
riqueza, temos que referir que 1% da população detém cerca de 25% da riqueza nacional e que 5% da
população detém mais de 50% da riqueza nacional.
Estes níveis de concentração de riqueza apenas se conseguem com milhões e milhões de pobres e com
uma gigantesca exploração de quem trabalha.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Ministro, o seu Governo tem particulares responsabilidades no
agravamento da pobreza no nosso País: o agravamento da exploração, o ataque aos direitos dos
trabalhadores — veja-se o que está a fazer o Sr. Ministro, na tentativa, ilegal e inaceitável, de identificar os
trabalhadores da segurança social que amanhã mesmo vão fazer greve —, a emigração forçada, o
desemprego que não para de aumentar e que a estatística está longe de demonstrar a totalidade da realidade,
porque também têm que ser incluídos os 700 trabalhadores da segurança social que o Sr. Ministro se prepara
para despedir.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Estas opções atiram cada vez mais pessoas para a pobreza.
Por isso, termino com três perguntas.
É possível combater a pobreza mantendo os cortes nos salários iniciados pelo Governo PS e que o
Governo PSD/CDS agravou, recusando — como recusam o PS, o PSD e o CDS — a solução que o PCP
apresentou de imediata reposição dos salários e a sua valorização?
O Sr. David Costa (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Ministro, é possível combater a pobreza e manter os mecanismos de
requalificação, criados pelo Governo PS e que agora o Governo PSD e CDS-PP usam para despedir
trabalhadores, mais uma vez, recusando a solução do PCP de transformação destes vínculos precários em
vínculos com direitos?