I SÉRIE — NÚMERO 26
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Por isso, Sr. Deputado, queria fazer-lhe um conjunto de perguntas sobre matérias relativamente às quais já
sabemos o que defende o Governo.
Sobre a dívida, o Governo diz-nos que a dívida é pagável e sustentável, mas não sabemos o que diz o
Partido Socialista sobre a matéria. Ouvimo-lo dizer, numa análise que lato sensu acompanhamos, que esta
dívida, não tendo parado de aumentar, é uma dívida insustentável. Ora, face a esse diagnóstico, fica a
pergunta: então, como se coloca o Partido Socialista sobre esta matéria? Temos um ruidoso silêncio sobre ela.
O PS não assume a necessidade de renegociação da dívida, não assume como quer fazer a gestão desta
dívida insustentável. Ao não assumir estas respostas, de facto, o que se pergunta a seguir é: então, como
manter o Estado social face a esta dívida? Como ter uma política que defenda as pessoas face a uma dívida
que sangra o País para garantir que a finança não sai beliscada?
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Faço-lhe uma segunda pergunta: como é que se coloca o Partido
Socialista face ao tratado orçamental?
Sabemos que o Partido Socialista esteve do lado daqueles que ratificaram o tratado orçamental, já ouvimos
as várias leituras, muitas delas, como com certeza compreenderá, imaginárias. É que o tratado tem objetivos,
tem letras e tem conteúdos e, por isso, não podemos ter aqui uma leitura criativa de um tratado que diz que há
um défice estrutural que deve cumprido, e que deve ser cumprido custe o que custar, mesmo que custe muito
às famílias, mesmo que custe muita austeridade.
Assim, como se coloca o Partido Socialista e como responde às pessoas que dizem que, em nome do
tratado orçamental, não querem que as suas vidas sejam sacrificadas e, por isso, não querem um tratado que
diz que a finança está acima das vidas das pessoas?
Uma última pergunta, muito direta, também, sobre um outro silêncio que não pode ser ensurdecedor no
que toca às mudanças à lei eleitoral. Estará o Partido Socialista ao lado daqueles que querem mudar a lei
eleitoral para eliminar a pluralidade desta Assembleia da República? É essa a forma que o Partido Socialista
tem para cultivar diálogos à esquerda, por exemplo, com o Bloco de Esquerda? É esse o intuito que o Partido
Socialista tem para uma democracia mais monocromática ou podemos esperar, de facto, um diálogo
construtivo com aqueles que querem uma democracia plena e plural e aqueles que querem propostas
construtivas para o País?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Galamba.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, obrigado pela sua
pergunta. Começo pelo fim, pela lei eleitoral.
O Partido Socialista disse sempre, de forma muito clara, que em momento algum avançará com qualquer
proposta ou discussão de uma revisão da lei eleitoral que assente na redução da representatividade, quer
geográfica, quer partidária, neste Parlamento.
Aplausos do PS.
Quanto à questão da dívida, Sr. Deputado, deixe que lhe diga, remetendo-o para as palavras do Secretário-
Geral do Partido Socialista, que, neste momento, o importante é garantir aos portugueses que, entre os
compromissos com os credores e os compromissos com os portugueses, o Partido Socialista não violará
nenhum compromisso com os portugueses nem nunca sacrificará a Constituição da República Portuguesa
para agradar a credores.
A Constituição da República Portuguesa e os deveres que temos para com os portugueses são tão
importantes como as nossas responsabilidades externas, e o que espera numa negociação com os nossos
credores é um reequilíbrio dessas duas posições.