I SÉRIE — NÚMERO 26
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Rigor histórico, Sr. Deputado! Rigor histórico, Sr. Deputado!
Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, acho que as taxas e a carga fiscal em Lisboa falam por si. Quem
justifica a legitimidade deste tipo de atuação, que decorre de mais de 50% das preferências dos eleitores de
Lisboa, provavelmente, vão ser aqueles que, tendo em conta o resultado eleitoral das últimas eleições
legislativas, entendem que o Partido Socialista deve ficar em silêncio e não participar nos debates importantes
desta cidade, porque foram completamente varridos do mapa eleitoral nacional.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Passamos à próxima declaração política, por parte do Partido
Socialista.
Tem a palavra o Sr. Deputado João Galamba.
O Sr. João Galamba (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Partido Socialista realizou no
passado fim de semana o seu Congresso Nacional.
Foi um grande momento de união e afirmação do Partido Socialista, dos seus valores, das suas ideias e
das suas políticas. A aprovação da moção ao Congresso «Agenda para Década» marca o início da construção
de uma alternativa política para Portugal, uma alternativa política que ponha fim ao processo de regressão
social em curso, que devolva a esperança e que dê confiança aos portugueses.
Aplausos do PS.
Três longos e penosos anos de desastrosa governação da maioria PSD/CDS marcados por um misto de
radicalismo ideológico, de incapacidade política e de incompetência administrativa tornam essa alternativa
necessária e, sobretudo, urgente.
Com a atual maioria, Portugal regrediu em praticamente todas as áreas e em praticamente todos os
indicadores. Não tivemos, ao longo destes três anos, um Governo que defendesse Portugal e os portugueses.
Infeliz e tragicamente tivemos um Governo que usou a crise como pretexto e a troica como aliada para fazer
exatamente o contrário.
Aplausos do PS.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, a maioria propunha-se estabilizar a dívida, mas, apesar de toda a
austeridade além da troica, além de todas as privatizações muito além da troica, ela cresceu cerca de 54 000
milhões de euros, mais de 30% do PIB. A dívida está hoje menos sustentável do que estava no início do
programa.
A maioria reduziu o défice externo à custa da recessão, com um desvio colossal nas previsões do Governo,
que previa uma queda do PIB de 0,4% e este acabou por ser superior a 6%, do desemprego, com uma
destruição líquida de 340 000 empregos, e do colapso da procura interna, com uma queda do consumo e do
investimento superiores a 30%. Este ajustamento externo só seria estrutural se a recessão, o desemprego, a
pobreza e o colapso da procura interna também fossem estruturais, isto é, se condenassem permanentemente
o País à pobreza.
Quando o Governo foi obrigado, pelo Tribunal Constitucional e pelo aproximar das eleições, a reduzir a
austeridade e a devolver rendimento a pensionistas e a funcionários públicos, a economia saiu da recessão.
Isto permitiu aumentar a receita fiscal, fortemente influenciada pelo consumo de bens duradouros, mas fez
regressar os desequilíbrios externos. Como a procura externa líquida é negativa, a balança externa tem-se
degradado todos os meses.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, o Governo está num beco e limita-se a trocar desequilíbrios
externos por desequilíbrios internos sem verdadeiramente resolver nenhum dos dois. É um Governo que
destrói e não cria, é um Governo que adia todas as soluções porque verdadeiramente não tem nenhuma.
Aplausos do PS.