5 DE DEZEMBRO DE 2014
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Portugal é membro de pleno direito na União Europeia, a Constituição Portuguesa é tão válida como
qualquer outra Constituição e como qualquer lei da União Europeia e esta é a posição do Partido Socialista. O
Partido Socialista não sacrificará nenhuma obrigação que tem com os portugueses, com o Estado social, com
os pensionistas, com os funcionários públicos e manter-se-á fiel a este princípio.
Quanto ao tratado orçamental, a minha posição é conhecida: não o apoio. Ele foi ratificado pelo nosso País
e, portanto, temos obrigações internacionais…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Com o vosso voto!
O Sr. João Galamba (PS): — Com o voto do Partido Socialista, é verdade, é público.
Sobre o tratado orçamental, quero referir dois aspetos. Em primeiro lugar — e nisso também António Costa
foi muito claro —, foi um erro mas existe, e o Partido Socialista bater-se-á sempre pela sua revisão,
nomeadamente numa área, a de garantir que o tratado orçamental não seja um entrave ao desenvolvimento e
ao investimento público, necessários para dar um futuro de esperança aos portugueses. E isso é possível, é
possível com o tratado orçamental.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Onde? Mostre!
O Sr. João Galamba (PS): — É possível, violando, naturalmente, o espírito do tratado mas não
necessariamente a letra, porque o tratado fala em défice estrutural, que é uma variável política, que pode ser
politizada, não é uma lei, e pode ser criticado nos seus atuais fundamentos.
Em segundo lugar, não sei se reparou mas este Orçamento violou o tratado orçamental e não consta que
tenha havido daí qualquer sanção ao País.
Aplausos do PS.
O tratado orçamental é, sobretudo, um instrumento de controlo político, não é um instrumento de disciplina
das finanças públicas, e, quando não puder ser aplicado — e não pode ser aplicado —, ninguém será
sancionado pela sua violação. Portanto, Sr. Deputado, sobre o tratado orçamental é apenas isto.
Ainda sobre o tratado orçamental, há outra área também bastante importante, que, aliás, se viu agora no
programa de Juncker sobre os investimentos públicos. O programa de Juncker é manifestamente insuficiente,
mas há algo no tratado que permite investir sem que isso conte para o défice.
Como bem sabe, há uma norma no tratado orçamental que refere o custo de curto prazo de reformas
estruturais com benefícios a longo prazo para a sustentabilidade das contas públicas e que esses
investimentos não devem contar para o défice.
Essa norma foi feita a pensar em reformas estruturais que a direita defende, nomeadamente a privatização
da segurança social e o despedimento de funcionários públicos. Cabe à esquerda, caberá ao Partido
Socialista defender um entendimento de reformas estruturais diferente, porque não há nada na lei que obrigue
a que uma reforma estrutural seja um corte, ela pode muito bem ser investimento e é isso que o Partido
Socialista defenderá. Investimento na educação e na qualificação do território, tudo isso são reformas
estruturais e tudo isso pode caber dentro da tal norma do tratado orçamental que dá alguma flexibilidade e
liberta alguns recursos para políticas que não sejam necessariamente restritivas.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno
Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Deputado João Galamba,
começo, naturalmente, em nome do CDS, por cumprimentar o Partido Socialista, democraticamente, pelo
Congresso que realizou, bem como pela eleição dos novos órgãos e de quem os compõe, nomeadamente o