5 DE DEZEMBRO DE 2014
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Renfe já retirou de circulação. No entanto, o Governo prefere gastar dinheiro a alugar material obsoleto em vez
de investir naquilo que é de todas e de todos nós.
O Governo prefere que o Metro de Lisboa esteja há anos sem sistema de travagem de emergência em vez
de entregar o trabalho à EMEF.
O Governo prefere andar a adiar, há pelo menos dois anos, a grande reparação dos alfa pendulares em
vez de entregar o trabalho à EMEF.
O Governo prefere retirar a manutenção do Metro do Porto à EMEF, provocando pelo menos 60
despedimentos, para oferecer essa manutenção a uma empresa privada que não tem o conhecimento nem a
qualidade que a EMEF tem e que cobrará mais por um pior serviço.
A EMEF é uma empresa necessária e fundamental. Cria emprego, garante produção, é uma peça-chave
para garantir uma rede ferroviária de qualidade.
A Linha do Oeste tem sofrido supressões diárias de comboios porque algum do material circulante que
servia aquela linha teve que ser imobilizado. Na Linha de Cascais, o cenário repetir-se-á, uma vez que uma
série de composições já não têm condições para circular. Olhamos para a Linha do Minho e o cenário é ainda
pior: queixas frequentes de utentes sobre a falta de condições dos comboios.
Na Linha do Douro e na Linha do Minho são suprimidos comboios porque não existem composições
suficientes para responder aos picos de procura. As composições alugadas a Espanha não são suficientes e
torna-se evidente que é necessário proceder à reparação e produção de composições para servir as nossas
linhas ferroviárias. Depois de destruída a Sorefame, só a EMEF pode fazer esse trabalho.
Porquê, Sr.as
e Srs. Deputados, o desinvestimento feito na EMEF? Porquê a redução de pessoal
necessário ao serviço e a desvalorização do seu know-how; a política de gestão de stocks da empresa, que
dificulta a capacidade de resposta a pequenas reparações; a crescente externalização de serviços e a
liquidação da Unidade de Investigação e Desenvolvimento da EMEF, entregue a uma empresa privada, a
Nomad?
A EMEF compra agora aquilo que antes produzia. É uma vergonha, Sr.as
e Srs. Deputados!
Fica bem claro que o Governo quer privatizar a EMEF e dedicou-se nos últimos anos a desvalorizá-la e a
retirar-lhe trabalho.
Com a privatização da EMEF, é uma empresa pública importantíssima que fica em causa, são mais de
1000 postos de trabalho que ficam em causa, é a qualidade do transporte ferroviário que fica em causa, é o
interesse nacional que fica em causa.
Os trabalhadores da EMEF têm promovido diversas formas de luta contra a privatização da empresa —
ainda ontem saíram à rua e manifestaram-se em Lisboa.
Estão do lado do desenvolvimento, querem uma ferrovia moderna, segura e que sirva as populações do
Litoral e do Interior. E as populações percebem que o desinvestimento na ferrovia significa menos transporte e
mais caro, menos acessibilidade, menos serviço público.
A privatização da EMEF pode e deve ser travada. O Governo, que fica cego quando se trata de privatizar,
não tem uma única justificação para esta decisão. É mais um passo da sua agenda política e ideológica:
destruir o setor público. Privatizar, privatizar, privatizar, é a sua palavra de ordem.
Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, e Srs. Deputados da maioria, não esperem silêncio. Nem os trabalhadores
nem as populações se vão conformar com esta decisão. Contem com oposição! O Bloco de Esquerda não
faltará à chamada para travar mais este ataque ao País, à economia, ao transporte ferroviário e ao serviço
público.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr.ª Deputada Helena Pinto, tem um pedido de esclarecimento por
parte do Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP, a quem eu dou desde já a palavra.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, peço desculpa de o interromper, mas na «25.ª hora» o
Sr. Deputado Paulo Cavaleiro também se inscreveu.