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I SÉRIE — NÚMERO 26

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Os senhores sabem muito bem identificar problemas, identificar esta ou aquela questão, mas nunca dizem

como se faz para resolver o problema do endividamento do setor público dos transportes.

E a pergunta que gostaria deixar é se o BE acha que o Estado deve continuar a colecionar empresas que,

depois, não têm condições para funcionar bem. E é aí que, ao endividarmo-nos cada vez mais, ficamos sem

condições para responder àquilo que são as necessidades de transporte e de mobilidade das populações. E

esse é que é o nosso desafio, ou seja, o de colocar o dinheiro onde ele faz mesmo falta.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo

Figueiredo.

O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, cumprimento o Bloco de Esquerda, a Sr.ª Deputada

Helena Pinto por ter trazido aqui um tema relevante e importante para a economia do País, relativamente ao

qual o incómodo dos partidos da maioria transpareceu bem na intervenção do Sr. Deputado Paulo Cavaleiro,

porque ele conseguiu passar quase todo o tempo a tentar evitar o assunto e a falar ao lado.

Mas o Sr. Deputado errou notoriamente o alvo. E nós concordamos com grande parte do diagnóstico que o

Bloco de Esquerda aqui fez, porque, no caso da EMEF, estamos perante resultados positivos, Sr. Deputado. O

Sr. Deputado não falou da EMEF, mas estamos a falar de uma empresa que tem resultados positivos, em

termos de resultados operacionais, de resultados líquidos, que pode ter perspetivas de internacionalização,

que é importante ao nível de assumir valências em áreas especializadas como a manutenção, material

circulante, e quiçá até de evoluir também nas suas perspetivas.

Portanto, concordamos — e o Partido Socialista tem defendido isso desde há muito — que é urgente ter

políticas que permitam revitalizar os setores industriais. A maioria fez vários planos, vários diagnósticos. O ex-

Ministro Álvaro Santos Pereira falava muito disso e ainda agora lançou um livro dizendo que falava muito

disso, mas que, ao mesmo tempo, era boicotado na implementação. E foi ele que disse que era boicotado,

nomeadamente pelo partido seu parceiro de coligação.

Mas não basta falar, é preciso concretizar. É que, na verdade, perante casos concretos como este da

EMEF, os senhores ignoram e, portanto, perdem esta oportunidade de revitalizar setores industriais.

Precisamos de políticas que incrementem ainda mais as exportações — e a EMEF poderia fazê-lo. Mas o

que temos, na visão do Governo, suportada pelo PSD e pelo CDS, é esta ânsia, de vender os dedos, de

privatizar, de concessionar e, ainda por cima, sem qualquer resultado ao nível da dívida pública, que não para

de aumentar, e sem salvaguardar os interesses estratégicos nacionais.

A única explicação é a de que se trata de puro preconceito ideológico desta maioria contra tudo o que é

gestão pública, de uma ânsia de desmantelar o Estado. É assim na EMEF, como é na TAP, em que ignoram

alternativas, é assim na PT, foi assim na Cimpor, onde também contribuíram para desmantelar uma empresa,

é assim nos transportes, em que ignoram alternativas, no Porto e em Lisboa, de uma gestão pública mais

eficiente.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Concluo, Sr.ª Presidente, perguntando à Sr.ª Deputada Helena Pinto

se não concorda que é por puro preconceito ideológico que a maioria tem estas opções e se está disponível

para convergências em torno de parar com esta política que desmantela o Estado e que empobrece a

economia e o setor empresarial.

Nós precisamos de manter o Estado em setores estratégicos importantes para o País.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.