6 DE DEZEMBRO DE 2014
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Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete Silva.
A Sr.ª Odete Silva (PSD): — Sr.a Presidente, Sr.ª e Sr. Secretários de Estado, Sr.
as e Srs. Deputados: A
proposta de lei que hoje aqui discutimos procede à execução do Regulamento da União Europeia relativo à
aplicação do sistema de certificação do Processo de Kimberley para o comércio internacional de diamantes
em bruto, bem como regulamenta o acesso e o exercício da respetiva atividade de importação e exportação,
designando a autoridade da União e as autoridades nacionais competentes para o efeito.
Este sistema foi instituído com o objetivo de combater o comércio ilícito de mercadorias de elevado valor,
como é o caso do comércio internacional de diamantes de guerra, bem como certificar a origem de diamantes,
a fim de evitar a compra de pedras originárias de áreas de conflito. Só desta forma se conseguirá evitar
algumas das conhecidas histórias de violações dos direitos do homem e da falta de respeito pela dignidade
humana.
Ao mesmo tempo, uma iniciativa como esta vem conferir um controlo mais eficaz e vem garantir a
transparência e a legalidade na indústria das pedras preciosas e consequente comercialização, contribuindo
para a manutenção da paz, da segurança, da solidariedade, do respeito mútuo entre os povos e protegendo,
de igual forma, as receitas que resultam das exportações de diamantes em bruto, que são fundamentais para
o desenvolvimento dos países produtores.
O sistema em questão requer que as remessas de diamantes em bruto sejam apresentadas a uma
autoridade da União para efeitos de verificação da remessa e validação do respetivo certificado.
A não existência em Portugal de uma autoridade da União obriga à deslocação forçada das operações de
comércio internacional dos diamantes em bruto, destinados a operadores económicos nacionais, acarretando
custos adicionais que os colocam em desvantagem concorrencial face aos seus congéneres sediados noutros
Estados-Membros, o que também tem contribuído para o progressivo desaparecimento da indústria de
lapidação de diamantes, em tempos promissora.
A venda de diamantes em Portugal, hoje, nada tem a ver com o que foi há uns anos trás, nomeadamente
nas décadas de 50, 60 e até início dos anos 70.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — É bem verdade!
A Sr.ª Odete Silva (PSD): — Nessa altura, famílias portuguesas investiam em diamantes e joias. Era uma
mais-valia para quaisquer necessidades que tivessem. No entanto, por ser uma rota entre continentes,
Portugal pode voltar ao mercado.
Sr.as
e Srs. Deputados, dados de 2011 revelam que o volume de negócios nos países que integravam o
Processo de Kimberley rondou os 30 000 milhões de euros.
É, portanto, evidente o manifesto interesse no ressurgimento económico desta indústria, que possui
vantagens evidentes para a criação de postos de trabalho, que acrescenta valor no mercado português,
nomeadamente de joalharia, que dinamiza uma área de formação profissional e atrai investimento,
investidores e colecionadores.
Uma nota para os contributos enviados, quer pela Comissão de Regulação do Acesso a Profissões, quer
pelo Instituto de Seguros de Portugal, que nos fizeram chegar uma opinião genericamente positiva, bem como
algumas propostas de alteração a ser analisadas em detalhe no decorrer do processo legislativo.
Por fim, saudamos o Governo por esta iniciativa de transposição desta diretiva, na medida em que está,
com esta proposta de lei, a criar as condições para a revitalização desta atividade, bem como de um conjunto
de atividades conexas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.