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I SÉRIE — NÚMERO 33

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Aliás, quando se avisava aqui de que os níveis de endividamento que o Partido Socialista estava a contrair

não eram sustentáveis, o que se ouvia era: «Os senhores estão obcecados com o défice! Há vida para além

do défice!».

O problema é que a vida para além do défice já ocorreu. Estivemos, nos últimos três anos, a viver a vida

para além do défice — e não foi propriamente uma grande vida, foi uma vida feita de dificuldades, de esforços

dos portugueses, das famílias e das empresas portuguesas. E o pior que hoje podemos fazer ao País é dizer

que esses esforços não valeram a pena e não serviram para nada. Afinal, era a Europa que resolvia tudo, era

o Sr. Draghi, eram os planos de investimento, era o Banco Central Europeu!…

Se quisermos ser politicamente sérios, basta olhar para aquilo que está a acontecer na Grécia hoje, para

percebermos que, dentro da mesma zona euro, abordagens políticas responsáveis produzem determinados

resultados e abordagens políticas irresponsáveis produzem outro tipo de resultados.

Protestos do Deputado do PS João Galamba.

Aquilo que, suponho, produzirá sempre os mesmos resultados é insistir nas velhas receitas.

Por isso, ouvir aqui o Partido Socialista dizer que é preciso grande investimento público para resolver os

problemas e para resolver o crescimento económico suscita só uma pergunta: Srs. Deputados do Partido

Socialista, onde é que estava esse crescimento económico em 2005, em 2006, em 2007, em 2008 e em 2009,

quando os senhores estavam a contrair a dívida que os portugueses estão hoje a pagar e o crescimento

económico era anémico e esteve sempre a divergir com a Europa?

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

Protestos do Deputado do PS Eduardo Cabrita.

O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — A década de 2000 é uma década duplamente perdida. É perdida pela

dívida que os senhores contraíram e é perdida porque nós nunca crescemos como os senhores disseram que

iríamos crescer.

Aliás, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o que hoje podemos aprender dos problemas por que passámos

nos últimos três anos é que a estabilidade política e a certeza de que há caminhos para garantir os nossos

compromissos é aquilo que também nos permitiu fazer exatamente aquilo que devíamos ter feito, que foi trocar

dívida antiga, contraída a grandes juros, em 2009 e em 2010, pelos Governos de José Sócrates, por dívida

bem mais barata, em 2012, 2013 e 2014.

É que o IGCP, Sr.ª Presidente, não faz magia. Pode ser competente — e é certamente! —, mas só serve

para fazer essas recolocações, essa alteração de maturidades e de taxas. Os portugueses é que fizeram

esses esforços e mostraram um grande sentido de responsabilidade, conseguindo estar a cumprir os

compromissos com os quais o País — nomeadamente, os Governos do Partido Socialista — se comprometeu.

O que hoje aqui dizemos, Sr.ª Ministra, Srs. Membros do Governo, é que queremos continuar um caminho

de responsabilidade, que passe por estas duas vias: garantir que Portugal cumpre os seus compromissos e

garantir que isso serve para alguma coisa lá fora.

E há algo que gostaria de dizer, mas não posso. Gostaria de dizer que discordo ou concordo com a posição

do Partido Socialista e que haveria aqui uma ponte a fazer. Mas ainda não posso dizer isso. No entanto, como

ainda temos o encerramento do debate, talvez isso ainda possa acontecer aqui hoje. Até podemos bater

palmas a um Deputado do Partido Socialista — já batemos palmas a um Deputado comunista hoje, pelo que

não seria do outro mundo fazê-lo —, se este nos disser ao que é que o Partido Socialista vem.

É que se a única posição do PS, no final deste debate, pedido pelo próprio Partido Socialista, é que o

Partido Socialista «entra mudo e sai calado» quanto às questões da dívida, então, estamos conversados e o

debate serviu para muita coisa, mas não para aquilo que importava saber, que é o que pensa o maior partido

da oposição.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.