I SÉRIE — NÚMERO 60
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Em 2011, o Partido Socialista — aquele cujos ministros vão ser recuperados para fazer, em 2015, o
programa para a década que o Dr. António Costa quer apresentar —, de forma desleixada, esqueceu-se de
exigir uma cláusula de salvaguarda, qualquer que ela fosse, nomeadamente para os mais desfavorecidos.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Esta maioria e este Governo, quando tomou posse, em estado de
enorme necessidade — em estado mesmo de necessidade, porque precisava de ter liquidez para pagar
pensões e salários a funções sociais do Estado —, apesar da troica, conseguiu impor essa cláusula de
salvaguarda.
Aguentámos a cláusula de salvaguarda três anos. Nesses três anos não tivemos a colaboração do Partido
Socialista, que num caso até votou contra.
Em 2015, acabados esses três anos, Sr. Primeiro-Ministro, ainda assim, mantivemos duas exceções da
cláusula de salvaguarda que salvaguardam os mais desfavorecidos.
Ora, depois de ter negociado o Memorando de Entendimento, de se ter esquecido dessas famílias, de ter
votado contra propostas do Governo para repor a salvaguarda dessas famílias, a primeira coisa que o Partido
Socialista faz é dizer que vai repor o IMI?! Sr. Primeiro-Ministro, é o prémio nobel do descaramento! Esta
passa tudo e é a medida da credibilidade — e da falta de credibilidade — do Secretário-Geral deste Partido
Socialista.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Dou a palavra, agora, ao Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, o Sr. Deputado fez uma
avaliação, do lado da sua bancada, de toda a discussão que aqui travámos sobre a questão da minha situação
contributiva.
Quero dizer-lhe que, tendo dado todos os esclarecimentos que achei que deveria dar e que podia dar —
porque há esclarecimentos que não posso dar, mas houve alguns que o Sr. Deputado indiciou e que têm a ver
com a situação passada da segurança social, que não tratou, em particular, do meu caso mas fez do meu
caso um caso não direi geral mas muito comum —, o Governo nunca deixou que houvesse prescrição de
matérias de natureza contributiva. Isso, evidentemente, nós não fizemos.
Quero aqui realçar isso porque acho que essa é a obrigação que o Governo tem. Sempre que se exige um
esforço a alguém temos de garantir que esse esforço é repartido equitativamente por todos os cidadãos, por
todos aqueles que têm essas obrigações.
Quero dizer isto, Sr. Deputado, para deixar muito claro que a autoridade do Primeiro-Ministro não é nem
um bocadinho beliscada nesta matéria. A função do Primeiro-Ministro é sempre a de fazer cumprir a lei e de
ser diligente nesta matéria.
Quero dizer, Sr. Deputado que, por essa razão, a sua conclusão é também a minha, como atrás referi.
Nesta matéria, depois de ter dado todos os esclarecimentos que dei, julgo que se pode concluir que não obtive
nenhum favor do lado do Estado nem da segurança social e que cumpri as minhas obrigações. E que,
portanto, apesar de falhas passadas, não tenho nenhuma situação irregular, nem perante a segurança social,
nem perante o fisco.
Julgo, Sr. Deputado, que esta conclusão é importante para que não nos possamos distrair das outras
coisas essenciais. E essas outras coisas essenciais o Sr. Deputado trouxe-as também a este debate.
O facto de estarmos já, nesta altura, com a autorização dos nossos parceiros europeus para podermos
reembolsar antecipadamente o Fundo Monetário Internacional é uma boa evidência de como largámos as
circunstâncias mais difíceis que deixaram Portugal sob forte pressão durante alguns anos.
Ainda há dias, respondia, em Madrid, a uma jornalista portuguesa, que perguntou ao Presidente da
Comissão Europeia como é que a Comissão via a situação de países como Portugal, que, apesar de terem
saído de programas, estavam ainda sob forte pressão, que não estamos sob forte pressão e isso deve-se, em