19 DE MARÇO DE 2015
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administração fiscal. Esta situação, a confirmar-se, seria de extrema gravidade e exige o absoluto
esclarecimento sobre a proveniência da lista VIP e seus objetivos.
Como se coaduna a existência desta lista com a propaganda do Governo sobre o combate à fraude e à
evasão fiscais? É outra questão que tem de ser esclarecida. Há cidadãos que estão protegidos deste
combate? A proteção de dados fiscais é um direito de todos os cidadãos ou apenas de alguns? O Governo,
além de esclarecer cabalmente todas estas questões e punir quem tenha de ser punido, tem de assumir a
responsabilidade política pela existência desta lista VIP de contribuintes e isso exige que sejam retiradas
consequências pelos responsáveis políticos do Governo.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Em matéria fiscal, a opção governamental de dois pesos e duas medidas não
fica por aqui. Os dados da execução orçamental de 2014 confirmam essa opção: a receita de IRC caiu 580
milhões de euros, enquanto a receita de IRS aumentou na mesma medida, 540 milhões de euros.
Mas o Governo também mexeu no IMI, procedendo a uma reavaliação do valor tributário dos prédios, que
resultou num agravamento brutal do imposto a pagar. Com a eliminação da cláusula de salvaguarda, que
servia de travão ao crescimento do imposto, muitos proprietários de imóveis sofrerão, em 2015, agravamentos
no IMI que, de acordo com a Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, atingirão, em média, 35 a 45%.
Mas, ao mesmo tempo que esbulha os pequenos proprietários, o Governo e a maioria PSD/CDS recusam-
se a eliminar a isenção de IMI e de IMT de prédios integrados em fundos de investimento imobiliário. Também
aqui o Governo deixa clara a sua opção de dois pesos e duas medidas.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Entre os constrangimentos que conduziram o País à desastrosa situação
atual destaca-se a dimensão colossal da dívida pública. Uma dívida que não para de crescer quer em volume,
quer em percentagem do PIB. Os mais recentes dados mostram que a dívida direta do Estado aumentou, em
janeiro de 2015, quase 8800 milhões de euros. A dívida, na ótica de Maastricht, também aumentou 6600
milhões de euros em apenas um mês. Quanto aos juros da dívida, aumentaram, em janeiro, 34,5%.
Esta é uma situação que o capital financeiro nacional e transnacional, com a cumplicidade do Governo,
pretende perpetuar com o objetivo de, a pretexto da dívida, condicionar a soberania nacional e prosseguir o
saque dos nossos recursos por via dos juros que, em 2015, ultrapassarão os 8000 milhões de euros, mais do
que é gasto no Serviço Nacional de Saúde.
O saque dos recursos nacionais também se concretiza por via das parcerias público-privadas, ruinosas
para o País, mas extremamente lucrativas para o grande capital. Apesar de toda a propaganda governamental
em torno da renegociação das PPP, a verdade é que, em 2014, os encargos aumentaram nas parcerias
rodoviárias, ferroviárias e do setor da segurança.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Portugal precisa de se libertar da ditadura da dívida e de pôr fim ao
ruinoso negócio das PPP. Os milhares de milhões de euros gastos anualmente em juros da dívida e em
encargos com as PPP fazem falta. Fazem falta para garantir a devolução de salários, pensões, prestações
sociais e serviços públicos, para garantir o investimento no desenvolvimento do aparelho produtivo, para
aumentar a produção nacional e criar emprego.
O Governo, antevendo uma pesada derrota nas urnas, tenta desesperadamente esconder a situação
desastrosa a que conduziu o País e o retrocesso que infligiu aos trabalhadores e ao povo. Contando com a
prestimosa ajuda do Presidente da República, que agora até consegue ver um crescimento económico de 2%
para 2015, o Governo tenta disfarçar a sua opção política de dois pesos e duas medidas: para o grande
capital, benefícios e privilégios; para os trabalhadores e o povo, exploração e empobrecimento.
Esta é uma política que não serve os trabalhadores, as populações, as micro, pequenas e médias
empresas, os produtores, a economia nacional e o País.
É, pois, preciso derrotá-la, abrindo caminho a uma política patriótica e de esquerda, que devolva a Portugal
e aos portugueses a esperança num futuro melhor.
Aplausos do PCP.