26 DE MARÇO DE 2015
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Todos os dias é posto em causa!
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Inês
Teotónio Pereira.
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Através dos projetos do
PS e do PCP, temos mais uma oportunidade de debater nesta Câmara o que se passa com as CPCJ, com a
intervenção primária e quais as medidas concretas que o Governo tem executado. E era bom que esta
discussão não fosse poluída por demagogias e populismos, porque o assunto é bastante sério.
O trabalho que se tem feito nesta área respeita três princípios essenciais: a eficiência da resolução e
acompanhamento de cada caso, a importância da intervenção precoce e o respeito pela natureza subsidiária
das CPCJ. Ou seja, sempre considerámos fundamental a urgência em dar encaminhamento célere e eficiente
aos processos abertos e não deixar, como acontecia, que os processos demorassem cinco anos para serem
resolvidos e concluídos.
Mas os projetos que hoje aqui discutimos passam ao lado do essencial do que é uma CPCJ e omitem, ou
por não saberem ou por não quererem, quais as medidas que se foram desenvolvendo — algumas delas até
criadas pelo PS — para dar resposta tanto à sinalização de crianças e jovens em risco como ao
acompanhamento de cada caso e de cada processo.
Indo, assim, concretamente, ao projeto do PS, é preciso fazer várias considerações, a primeira das quais é
a seguinte: no âmbito do processo de requalificação, é importante relembrar que as pessoas abrangidas que
desempenham funções em CPCJ serão substituídas atempadamente. Já estão até identificados quem as vai
substituir — maioritariamente psicólogos e licenciados em serviço social —, por forma a garantir o seu regular
funcionamento e o seu caráter multidisciplinar. Esta garantia já foi dada não só aos Srs. Deputados, pelo
Governo, como até ao Sr. Presidente da Comissão Nacional.
Segunda consideração: quanto ao reforço da cooperação entre os vários ministérios e ao aperfeiçoamento
das parcerias entre as entidades com competência em matéria de crianças e jovens, o PS está a pedir
exatamente aquilo que o Governo já faz, até porque esta cooperação é, obviamente, um processo dinâmico
que tem de estar sempre atualizado.
Terceira consideração: sobre a transferência para os municípios dos recursos para o funcionamento das
CPCJ, lembramos que a comparticipação, em 2014, foi de cerca de 6 milhões de euros, ou seja, o problema
não está nas verbas transferidas, o problema está na vontade de participação de alguns municípios, que se
limitam, muitas vezes, a transferir a verba que recebem do Instituto da Segurança Social e, muitas vezes, não
são parte ativa na gestão ou funcionamento das CPCJ. E, sobre isto, era muito bom saber o que o PS e o PCP
pensam.
No entanto, e apesar de tudo isto, é importante sublinhar que, embora desnecessárias e, de alguma forma,
ocas, as propostas do PS têm, pelo menos, o mérito de não caírem na demagogia do PCP. O PCP,
desprezando a natureza subsidiária das CPCJ e a sua multidisciplinaridade, pretende torná-las autónomas e,
com isto, menos eficientes.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Se não fossem as autarquias nem funcionavam!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — As CPCJ, ao contrário do que o PCP entende, não devem ser
um organismo à parte, com verbas diretamente transferidas do Orçamento do Estado, como se de um instituto
ou de uma secretaria de Estado se tratassem.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Que descaramento!