I SÉRIE — NÚMERO 71
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Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.ª Ministra, Srs. Deputados,
para o Partido Comunista Português o futuro do nosso País não passa por cofres cheios de dívidas,
desemprego para baixar salários, emigração e fome para que os ricos fiquem cada vez mais ricos.
Para o PCP, o futuro do nosso País passa pela valorização e dinamização dos diferentes setores
produtivos, passa por pôr o País a produzir mais riqueza que reverta para a grande maioria dos portugueses e
não para a concentração capitalista.
Assim, neste debate, importa questionar se o Governo quer continuar a cumprir as ordens da União
Europeia para destruir os setores produtivos ou se vai tomar uma posição de defesa do interesse nacional.
Das pescas à agricultura, da indústria aos serviços, existem no nosso País as pessoas e as condições
objetivas para produzir muito mais, para sermos autossuficientes em muitos bens e substituir bens que
importamos por exportações.
Não só é possível como imprescindível romper com as amarras da União Europeia e da política de direita
que destruíram e destroem as pescas. É importante a modernização e o alargamento da frota pesqueira para
dinamizar este importante setor e atingir a soberania alimentar.
É urgente aproveitar as enormes potencialidades que o nosso País tem de produção agrícola. Isto implica,
desde logo, como o PCP propõe, não permitir que nos imponham constrangimentos às nossas opções.
O exemplo da produção de leite e o fim das quotas é elucidativo como o PSD, CDS e PS, no plano nacional
e da União Europeia, comprometem o autoabastecimento do País e destroem milhares de pequenos
produtores.
O País precisa de aproveitar os recursos minerais, colocando-os não ao serviço das multinacionais mas ao
serviço do País, com a exploração e a obtenção de mais-valia em toda a fileira, desde a extração à
transformação do minério.
O País precisa, com investimento público, de criar as condições para a re-industrialização da nossa
economia e produzir mais e com mais incorporação nacional. Só desta forma é possível pagar a dívida que é
legítima, crescer, promover emprego e combater os défices estruturais que o País tem.
Portugal não é um País pobre, é, sim, um País empobrecido pela política de direita.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Termino com uma pergunta, Sr.ª Ministra: vai o Governo apresentar à
União Europeia um programa de estabilidade que aceita as imposições que nos prejudicam ou vai defender o
interesse nacional?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Segue-se uma outra pergunta do PCP.
Dada a ordem das inscrições recebidas pela Mesa, não foi possível fazer aqui uma rigorosa alternância das
intervenções das bancadas, pelo que dou a palavra, pelo PCP, ao Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A Sr.ª Ministra das Finanças e o
Governo a que pertence têm vindo a insistir numa teoria segundo a qual o País não se pode dar ao luxo de ter
empresas públicas que defendam o desenvolvimento e a soberania nacional, promovam o emprego com
direitos, salvaguardem o controlo democrático e a socialização da riqueza criada.
Na vossa teoria, isso não é para nós: quem não tem dinheiro não tem vícios! Vai daí, venderam ao
desbarato o património público aos grandes interesses, como foram as operações na EDP, REN, ANA, CTT,
GALP, PT, e os negócios segurador e de saúde da Caixa Geral de Depósitos. E o que foi feito, Sr.ª Ministra
aos 9,2 mil milhões de euros dessa entrega? Foram para o pagamento de juros de mora. Muitos parabéns!