I SÉRIE — NÚMERO 87
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os fornecedores poderem escolher uma plataforma eletrónica, através da qual poderão responder a todos,
repito, a todos os procedimentos em curso, independentemente das plataformas eletrónicas contratadas pelas
diferentes entidades adjudicantes, ou seja, onde haja sido criado esse mesmo procedimento.
Julgo, e podemos afirmá-lo, que estamos perante um avanço gigantesco. E porquê? Porque, ao reduzirem-
se, porque se reduzem na verdade, inevitavelmente, os custos que os fornecedores estavam, repito, estavam
obrigados a suportar, resultará, do nosso ponto de vista, um duplo efeito, desde logo, o aumento da frequência
que o Sr. Secretário de Estado já teve oportunidade de aqui referir. Porquê? Porque aumenta a probabilidade
de concorrer um maior número de prestadores de serviços e de fornecedores de bens.
Por outro lado, aumenta também a possibilidade de serem apresentadas melhores propostas do ponto de
vista da entidade adjudicante, isto é, propostas de mais baixo valor. E, nessa circunstância, com esta
alteração, a acontecer naturalmente, ganham os agentes económicos, com especial destaque para as micro,
pequenas e médias empresas, ganha o Estado, com as poupanças que pode atingir, e ganham naturalmente
todos os portugueses.
Sr. Presidente e Sr.as
e Srs. Deputados, poderá sempre haver espaço para melhorias…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente. Dizia eu, poderá sempre haver espaço
para melhorias, mas é nossa convicção de que a presente proposta de lei ditará positivamente o futuro do
mercado e permitirá, também, a continuação do sucesso que carrega até aos dias de hoje.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª e Sr. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados:
É óbvio que é bom que existam mecanismos eficientes e transparentes de contratação pública — o Estado fica
a ganhar com isso, ficamos todos a ganhar com isso — e o facto de poder ser feita através de plataformas
eletrónicas traz mais eficiência e acrescenta transparência a esse processo.
A primeira questão que temos para colocar é: se é um mecanismo tão importante, se é um mecanismo que
interfere tanto com o funcionamento do Estado e com tanto dinheiro, por que é que não há uma plataforma
eletrónica pública que possa fornecer esse tipo de serviços? Esta é uma questão de base, é uma questão de
fundo. Por que é que o Estado tem de ficar na mão de privados para fornecer um serviço? Por que é que paga
por um serviço que poderia ser fornecido por si, criando essas capacidades?
A segunda questão foi levantada pela própria Associação para a Contratação Pública Eletrónica (ACPE), já
foi abordada, aliás, pelo Sr. Deputado José Magalhães, e por isso quero colocá-la ao Sr. Secretário de Estado.
Há, neste momento, sete plataformas que prestam este serviço de contratação pública. O que estas empresas
dizem é que, ao criar mais mecanismos e mais restrições ao acesso — ao contrário do que o Sr. Secretário de
Estado disse e, por isso, pergunto, mais uma vez —, poderão surgir problemas à concorrência entre estas
empresas, deixando apenas umas poucas com condições de operar no mercado.
Vou referir agora o assunto de que toda a gente fala — como questão, não como afirmação. A maior
empresa a operar no mercado é a Vortal, que pertence à Espírito Santo Tech Ventures, que, neste momento,
pertence ao Novo Banco. Por isso, há, sim, um medo e há, sim, um rumor, uma ideia, uma denúncia de que
estas alterações poderiam vir a dar o monopólio a esta empresa, porque esta plataforma eletrónica pertence
ao Novo Banco.
Parece-me importante, já que esta questão é colocada e toda a gente fala nela e a conhece, que ela seja
clarificada pelo Sr. Secretário de Estado. Era muito importante que houvesse um parecer da Autoridade da
Concorrência, porque isso também iria trazer alguma tranquilidade para este debate.
Finalmente, há uma outra questão nesta proposta de lei que diz respeito ao facto de os pagamentos
deixarem de ser repartidos entre as entidades adjudicantes e fornecedores, como acontece até agora,
passando a ser apenas das entidades adjudicantes. Isto quer dizer que pode sair mais caro para as