16 DE MAIO DE 2015
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Aliás, foi o Sr. Secretário de Estado que o disse aqui, claramente: «São precisas novas competências para
as CIM, é preciso integrar competências que hoje são dos municípios». As palavras são suas e foram ditas há
poucos minutos.
Pois é aqui, exatamente, que reside o problema, em retirar competências aos municípios, que têm a
legitimidade do voto popular, para as dar a outros organismos que não têm essa legitimidade. Isto para já não
falar da posição das bancadas da maioria, que resistem, resistem a falar, sequer, sobre a questão das regiões
administrativas, como bem sabemos.
E não se venha argumentar com o intermunicipalismo, porque isso é outra coisa, Sr. Secretário de Estado.
Seria até muito interessante termos um debate sobre esse novo paradigma. Hoje, por acaso, não temos grelha
de tempos que o sustente, mas diria que o intermunicipalismo não é isso, não é retirar competências, bem
pelo contrário, é potenciar livremente os projetos e os programas que os municípios queiram fazer. Ora, as
CIM não são isso. As CIM são determinadas administrativamente, são estas e não são outras.
Nesse sentido, Sr. Secretário de Estado, tenho de dizer-lhe que não podemos acompanhar iniciativas
legislativas que aprofundam e ampliam a diminuição da legitimidade democrática resultante do voto direto.
Esta iniciativa do Governo trata disso mesmo, permite a expansão dos aparelhos administrativos destas
entidades, dando-lhes um enquadramento legal que não existia, é verdade, mas continua a faltar a questão
fundamental, que é a legitimidade para estas entidades.
Não concordamos que se retirem competências aos municípios e, mais do que isso, que se condicionem as
opções dos municípios, porque o que hoje se ouve nos municípios é: «não podemos fazer isso porque já está
na CIM; não podemos ir por ali porque já há um projeto comum».
Não é admissível que se retirem as competências e a possibilidade de escolha aos municípios por
entidades que não têm a legitimidade do voto popular.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado da
Administração Local.
O Sr. Secretário de Estado da Administração Local: — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começo
por agradecer a intervenção do Sr. Deputado António Gameiro, em particular as questões que colocou e a
disponibilidade para melhorar o diploma. Da parte do Governo, apesar de não ter poder legislativo formal,
estamos absolutamente disponíveis para o diálogo e para melhorar este diploma em conjunto, e devo dizer-lhe
que gosto de ver essa disponibilidade no Partido Socialista.
Mas o Sr. Deputado disse: «Nunca mais ouvi falar da reforma do Estado». Sr. Deputado, nós fazemos a
reforma do Estado todos os dias!
A Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares (Teresa Morais): — Não precisamos de andar
a falar dela todos os dias!
Protestos do PS.
O Sr. Secretário de Estado da Administração Local: — E consigo e com o seu partido só oiço falar em
andar para trás na reforma do Estado!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, em reformas, há uma linha que nos divide, os que andam para a frente e os que querem
andar para trás.
Protestos do Deputado do PS António Gameiro.