I SÉRIE — NÚMERO 97
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A Sr.ª Rita Rato (PCP): — No atual Governo também!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Gostava que o Sr. Deputado, com o rigor que publicitam,
comentasse o contraste das opções dos dois Governos, as do PS, numa altura em que não estávamos
sujeitos a um programa de ajustamento, e as do atual Governo que, apesar dos constrangimentos, manteve a
prioridade nas questões sociais e no combate à pobreza.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, creio que traz aqui o
debate essencial, ou seja, o debate do estado em que se encontra o País após quatro anos de governação em
que a linha foi exatamente a do empobrecimento. O empobrecimento seja por via das transferências do valor
do trabalho para o capital — o dinheiro deixou de existir apenas para o trabalho —, seja por via dos cortes aos
apoios sociais, seja por via do congelamento das baixíssimas pensões de mais de 1 milhão de pessoas que
em Portugal recebem pensão mínima, nomeadamente, de 274 €, que está congelada, de 303 €, que está
congelada, de 323 €, que está congelada. Estou a falar de pensões contributivas e que estão congeladas há
quatro anos, estou a falar, portanto, do empobrecimento dos idosos. Falo também no empobrecimento das
crianças por via do corte do abono de família.
E não vale a pena a direita vir criticar quem o fez, porque todos sabemos quem fez.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Ai é?!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — E o PS também sabe que teve culpas relativamente ao corte do abono de
família.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — E o Bloco de Esquerda não fez nada!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — A direita crítica, mas a direita aprofundou os cortes.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade! Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — A direita critica dizendo que o Partido Socialista fez condição de recursos,
que deu descida no RSI (Rendimento Social de Inserção) e no CSI (Complemento Social para Idosos), mas a
direita aprofundou esses cortes e mais pessoas ficaram sem esses apoios sociais. E, portanto, essa história
do passa-culpas não vale.
Aqui chegados, o que importa saber é que medidas têm de se tomar, que opções políticas têm de se tomar
para dirimir esta situação. Não acabaremos com a pobreza assim, mas isso todos sabemos.
Queria ainda abrir um parêntesis relativamente aos dados, na medida em que os dados existentes são
estes e não outros, e, com base nos dados existentes, Portugal está, no ranking, abaixo de apenas nove
países. Portugal tem um índice de pobreza superior àquela que é a média da União Europeia. Estes são os
dados e ofuscá-los não vale a pena.
Sr. Deputado, queria colocar-lhe algumas questões muito concretas que, na nossa perspetiva, contribuem
para a alteração da pobreza em Portugal.
Sobre o salário mínimo nacional, qual é a proposta do Partido Socialista?
Relativamente ao aumento das pensões, particularmente daquelas que referi, qual é a proposta do Partido
Socialista?
Sobre a reposição dos salários, do roubo que houve nos salários, como é que o Partido Socialista vai
fazer?
Uma outra questão: o IVA nos bens essenciais. Hoje, são milhares as pessoas que não têm acesso àquilo
que são direitos básicos e humanos, nomeadamente a água, a eletricidade e o gás. É urgente que estes bens