27 DE JUNHO DE 2015
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Esta pergunta relaciona-se com o orçamento de base zero e com a filosofia que lhe está subjacente,
porque uma coisa é, quando estamos a falar do orçamento, perguntar quanto é que os serviços gastaram no
ano passado e, depois, vamos ver, de forma incremental, se gastarão mais ou se haverá cortes naquilo que
vão gastar. Esta é uma maneira de olhar para o orçamento.
Uma maneira completamente diferente de olhar para o orçamento passa por perguntar a cada Ministério o
que quer fazer este ano, quais são as funções essenciais que quer cumprir, quais são os objetivos, quais são
as mudanças que quer introduzir e, depois, vamos perguntar quanto é que custa cada um desses programas.
Isso permite-nos, por um lado, introduzir um critério de responsabilidade, ou seja, a mesma pessoa que
desenha o programa, que se responsabiliza por ele, sabe quanto custa e, portanto, é responsabilizada se ele
não funcionar ou se alguma coisa não correr bem mas, por outro lado, também permite que seja feito aquilo
para que de facto serve o orçamento ou, pelo menos, uma das suas funções essenciais. Se os recursos são
escassos, e sabemos que o são, nós escolhemos entre objetivos, escolhemos entre programas, aqueles que
são mais importante fazer este ano e aqueles de que podemos prescindir. Essa é uma maneira muito mais
lógica, muito mais transparente e até muito mais democrática de alocar recursos do que, sistematicamente,
inscrever tudo, dizer que vamos fazer tudo e depois não haver dotação para as coisas.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada, queira concluir.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Portanto, a minha pergunta, muito material, é no sentido de que nos
explique como é que este orçamento por programas se pode transformar numa realidade material, porque ela
é o âmago daquilo que é o orçamento. O Orçamento é uma maneira democrática de fazer escolhas entre
objetivos, porque sendo os recursos escassos e sendo eles, obviamente, o dinheiro que…
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada, tem de concluir.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, com certeza, muito obrigada. Obedecerei e concluo
de imediato.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder a estes pedidos de esclarecimento, tem a palavra o
Sr. Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento: — Sr. Presidente, dado o tempo de que disponho e
juntando as respostas, ou pelo menos algumas, começo por responder à primeira questão que me foi
colocada, pelo Sr. Deputado do PS, Dr. Eduardo Cabrita, ligando-a à questão colocada pela Dr.ª Cecília
Meireles, do CDS.
De facto, o Governo trabalha até ao último dia em que está em funções e, portanto, o que estamos aqui a
apresentar hoje é uma lei que é estruturante. O prazo que temos para a sua implementação é alargado, o que
significa que não há um condicionalismo, a partir da Lei de Enquadramento Orçamental, das opções políticas
que qualquer governo que se siga a este queira tomar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O problema são os quatro anos para trás!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento: — O que há, de facto, é toda uma alteração
estrutural, metodológica, da elaboração do Orçamento.
Isso prende-se também com a orçamentação por programas. A orçamentação por programas, de facto,
olha os fins em vez dos meios. Mais do que saber quanto dinheiro temos para gastar, interessa saber o que é
necessário fazer, quanto dinheiro é necessário para fazê-lo e, perante isso, saber quais as opções que temos.
Relativamente à questão colocada pelo Sr. Deputado do Bloco de Esquerda, Dr. Pedro Filipe Soares, a
elaboração de um orçamento por programas encerra em si um orçamento quase zero. Ou seja, quando se
desenha um programa ele terá implícito um orçamento com base zero. É verdade que até hoje, praticamente,