I SÉRIE — NÚMERO 104
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nunca foi usada a orçamentação base zero, tal como estava prevista na lei; foi sempre feito um orçamento
com base no que eram os orçamentos que tínhamos, incrementando e escolhendo as opções. Mas a
verdadeira organização de um orçamento por programas encerra em si um orçamento de base zero. A ideia é
saber quanto custa fazer esta política, que recursos são necessários e quais são os objetivos que se
pretendem alcançar.
Relativamente ao trabalho que hoje é apresentado, de facto reflete uma discussão bastante alargada ao
nível dos grupos de trabalho que foram criados, das organizações nacionais e internacionais que foram
ouvidas, por forma a, sendo uma lei estruturante, constituir aquilo de que o País precisa para que, do ponto de
vista da credibilidade das nossas contas públicas, se melhore nessa matéria.
Quanto à unidade técnica, que também foi falada, a ideia não é a de haver aqui um aumento de despesa
com esta Unidade de Implementação, mas sim a de ter um conjunto de pessoas que resultam de todas as
entidades que temos na Administração Pública, representativas da Administração Pública. No fundo, o que
temos hoje é um embrião de um conjunto de centenas de alterações que terão de ser feitas e para as quais
são os trabalhadores da Administração Pública quem têm de colaborar e têm de trabalhar nesse sentido.
Chama-se Unidade de Implementação, está desagregada, mas o artigo 4.º diz quais são as competências e
quais são as atribuições que ela irá ter. O que temos é uma unidade que tem de acompanhar, dia a dia, a
implementação de tudo o que é previsto, se queremos levar a bom porto a lei que está aqui. E essa unidade
tem de dar parecer daquilo que vai fazendo também a esta Casa, se assim se entender. O artigo 4.º pode ser
alterado, bem como todos os artigos que constam da proposta de lei, porque o que se pretende é uma boa lei
para o País, porque é isso que conta, pelo que estamos disponíveis para corrigir o que, entretanto, se
entender que seja necessário corrigir.
Sr. Deputado Paulo Sá, de facto, há um conjunto de questões que não têm a ver diretamente com a Lei de
Enquadramento Orçamental e não é isso que estamos hoje aqui a discutir, mas também não há nenhum artigo
que diga o que se paga primeiro e o que se paga depois. O que o Estado tem de fazer é pagar todos os
compromissos que tem e não há nenhum artigo na Lei que faça referência exatamente a que primeiro se
pague dívida em vez de salários.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não se pagam compromissos com salários e pensões!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento: — Não há nenhum artigo que refira isso, o que
significa que sobre essa matéria não tenho mais nada a dizer.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E o Novo Banco?!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para apresentar o projeto de lei do Bloco de Esquerda que também
está em discussão, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Sr.
Secretário de Estado, devo dizer-lhe que sobre a unidade técnica apresentada, o Sr. Secretário de Estado não
especificou. E o artigo 4.º, nos seus seis, sete pontos é extremamente sucinto, tão sucinto que diz exatamente
que, no prazo de 180 dias, haverá um decreto-lei, que será emitido pelo Governo, que dirá o que é que ela faz,
como é que é composta, e como é que os seus três gabinetes serão ligados entre si. Mas não respondeu ao
essencial, ou seja, como é que ela vai ser depois colocada na gestão do Estado.
Estamos a criar aqui uma polícia orçamental para a aplicação da Lei de Enquadramento Orçamental? É o
quê? Qual é a escala hierárquica, como é que ela se liga aos diversos ministérios, às direções-gerais, à
Direção-Geral do Orçamento? Essas matérias são essenciais.
E diz o Sr. Secretário de Estado que não haverá aumento de despesa. Então, como fará? Vai dar corpo,
autonomia a esta unidade técnica — é isso que está inerente ao artigo 4.º referido —, mas, se o fizer, tem de
dar-lhe também uma competência financeira, pois de outra forma ela não existirá na prática. Estamos a falar