I SÉRIE — NÚMERO 6
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de transportes públicos urbanos do Porto e, sobretudo, das populações que iam sair lesadas com esse ajuste
direto.
Aplausos do PS.
Falamos de um ajuste direto lançado a dois meses das eleições legislativas, de um ajuste direto de 820
milhões de euros sem precedentes na história da Administração Pública portuguesa, de um ajuste direto
marcado por uma série de trapalhadas e pouco ou nada transparente.
Para além das trapalhadas e da pouca transparência, o ajuste direto teve oposição não só dos trabalhadores
destas empresas, mas de todos os seis municípios abrangidos pela operação destas empresas.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Significa isto que se tratava de um ajuste direto altamente lesivo para os
utentes. Estava em causa um ajuste direto que iria levar ao aumento dos tarifários praticados pela STCP e pela
Metro do Porto. Estava em causa um ajuste direto que ia levar à degradação da qualidade do serviço, a menos
carreiras e menos frequências. Estava em causa um ajuste direto que iria levar à revolução do nível de
segurança das circulações. Os utentes da STCP e da Metro do Porto, que são milhões por ano, iriam sair
altamente prejudicados.
Isto fazia parte de uma estratégia global do anterior Governo, PSD/CDS, uma estratégia que levou à
privatização da ANA, da TAP e da CP Carga, uma estratégia que só não levou à privatização, vergonhosa e
ilegal, da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), porque o Tribunal de Contas foi a tempo
de a travar.
Mas este pacote de privatizações incluía também as subconcessões dos transportes públicos urbanos do
Grande Porto e da Grande Lisboa.
Como disse há pouco, felizmente, a nova maioria veio a tempo de travar estes ajustes diretos e estas
subconcessões a privados.
O Programa do Governo está a ser cumprido, o capital social da Metro do Porto e o capital social da STCP
são para continuar nas mãos do Estado, a operação da STCP está a ser descentralizada para os municípios,
conforme o Programa do Governo, municípios esses servidos por esta transportadora, conforme também o
memorando de entendimento assinado em junho deste ano.
É este o modelo que o PS defende para os transportes urbanos do Grande Porto e que está a ser
implementado. É este o modelo que está protegido pela lei que aqui aprovámos e que sairá reforçado pela
alteração proposta hoje pelo Partido Socialista, pois, a partir da entrada em vigor desta proposta de alteração,
nada poderá ser feito contra a vontade maioritária dos seis municípios do Grande Porto.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Ou seja, não poderá acontecer aquilo que o anterior Governo, PSD/CDS,
tentou fazer no mandato anterior: privatizações a martelo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Enquanto aguardamos as inscrições, relembro que o Regimento diz que na discussão
apenas intervém um Deputado por cada grupo parlamentar, mas não diz que são obrigados a intervir.
Pausa.
Tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe para uma intervenção.