29 DE SETEMBRO DE 2016
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A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Esta é a triste história deste processo. Aliás, não deixa de ser muito
interessante que falemos disto ao mesmo tempo que falamos de investimento.
Perguntavam o que é a confiança. Srs. Deputados, os senhores acham que pôr Portugal no radar de um
País de risco político para se investir não tem impacto nos investimentos presentes e futuros? Pois tem! E mais:
este é também um recorde que envergonha, e fico muito surpreendida ao ouvir estas intervenções.
Srs. Deputados, discordo da ideia de que tudo o que é público é melhor do que o que é privado, mas confesso
que foi a primeira vez que se viu, pelo menos que me lembre, em Portugal, uma reversão de um privado para
um privado.
O Sr. Heitor Sousa (BE): — Quer dizer ao contrário!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — O que os senhores querem fazer é consagrar que a subconcessão da
Metro do Porto não pode ser de nenhum privado, a não ser que esse privado seja o Grupo Barraqueiro.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Isso, Srs. Deputados, é que é verdadeiramente incompreensível. E é
também incompreensível que o PCP, o Bloco e Os Verdes, em relação a isto, estejam caladinhos.
Protestos do PS e do PCP.
Já não tem mal que seja privado. A reversão foi feita de um privado, escolhido num procedimento concursal,
para outro privado. Isto é verdadeiramente incompreensível!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Onde é que foi buscar isso?!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Onde é que fui buscar isso, Sr. Deputado? À atual subconcessionária
da Metro do Porto. Se tem dúvidas, vá ao Porto ver quem é que lá está!
Aplausos do CDS-PP.
Vá lá ver quem é que lá está!
Por último, a solução criada não resolve o problema. Explico sucintamente porquê: aquilo que ouvimos foram
declarações — aliás, assinadas num acordo — de que agora os autarcas iam ser decisores, que o Governo
tinha delegado a competência neles, que eram eles que iam passar a decidir.
Hoje, caiu a máscara e vemos bem que, com os senhores, os autarcas do Porto não são decisores, são
meros consultores e, como tal, as vossas alterações estão muito longe de resolver o problema.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Rios de Oliveira.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje estamos a reapreciar
um diploma que já foi aqui objeto de grande discussão. Há um ano, numa fúria de reversões que a nossa
esquerda trouxe e que se prolonga até hoje, esta esquerda decidiu, numa decisão completamente ideológica,
reverter as soluções que temos avançado. Ou seja, às nossas soluções opuseram os vossos problemas.
Recordo-me bem como foi difícil encontrar uma solução conjunta, porquanto cada uma era mais radical do
que a outra.
Mas a verdade, Srs. Deputados, é que, embora fosse uma decisão ideológica, hoje ouvimos aqui falar de
«amigos». Ela pode ser ideológica, mas, hoje e agora, a coisa está menos transparente e com muito mais
«amigos» do que tinha no concurso público aberto.