25 DE NOVEMBRO DE 2016
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O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, uma das
medidas mais emblemáticas do Programa do Governo, vinda do acordo assinado pelo Partido Socialista e pelo
Bloco de Esquerda, foi o alargamento da atribuição automática da tarifa social de energia. O que era
comunicação e marketing das empresas passou a ser uma medida real e um apoio concreto recebido pelas
pessoas.
O Bloco de Esquerda levantou agora a questão da tarifa social da água que é também uma medida de apoio
social e que, tal como a anterior, tem sido muito deficientemente aplicada no seu âmbito, o âmbito concelhio,
através dos municípios. A tarifa social atinge, hoje, cerca de 10%, ou menos, do universo de potenciais
beneficiários na questão do serviço de águas, pelo que é necessário mudar este panorama.
Temos a experiência, importante, da tarifa social de energia que fez chegar a 700 000 pessoas um apoio que
não passava das 100 000 e esse dispositivo está à nossa disposição para poder ser aplicado pelas autarquias
e assim dar o apoio que é tão necessário a quem dele necessita e a ele tem direito.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Passamos ao artigo 59.º — Descentralização de competências para os municípios e
entidades intermunicipais no âmbito da ação social.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Berta Cabral, do Grupo Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Berta Cabral (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, a
descentralização de competências é, na nossa perspetiva, uma das reformas consideradas estruturantes para
o desenvolvimento integral e coeso do nosso País. E, nesse aspeto, temos de admitir que Portugal, neste último
ano, andou para trás.
O Governo nada fez ao longo de 2016, além de meras intenções e anúncios inconsequentes e na proposta
de lei que hoje estamos a discutir limita-se a dedicar dois simples parágrafos, no artigo 59.º, a esta tão importante
matéria.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Berta Cabral (PSD): — Uma matéria, recorde-se, considerada pelo Governo como um grande desígnio
nacional, a pedra angular da reforma do Estado. E nesse aspeto acompanhamos. O que não acompanhamos é
a inação.
Com efeito, a retórica do Governo não tem qualquer aderência à ação governativa. Entre a palavra e a ação
vai uma grande distância.
Hoje, estamos mais longe do que estávamos em finais de 2015 de ter um Estado mais próximo dos cidadãos,
mais eficiente e mais eficaz. O País estava a concretizar um processo de descentralização que foi interrompido.
Importa, na nossa ótica, retomar esse percurso, aprofundando-o e alargando-o a outras áreas e a todos os
municípios do território do continente.
Nesse sentido, o PSD, com respeito pela autonomia do poder local e cumprindo o princípio da
subsidiariedade, apresenta um conjunto de propostas de alteração e de aditamento ao artigo 59.º, que visam
promover uma efetiva descentralização de competências para os municípios e entidades intermunicipais.
Este conjunto de propostas visam, designadamente, aprofundar e alargar a descentralização na educação,
designadamente ao nível do ensino básico e secundário; na saúde, a título de exemplo nos cuidados primários,
domiciliários ou transportes de doentes; na cultura, através da gestão de equipamentos culturais — museus,
bibliotecas, casas de espetáculo, entre outros.
As propostas visam também proceder à transferência legal, de forma universal, da gestão de infraestruturas
de educação e saúde, da gestão de equipamentos e da gestão do pessoal não docente.
As propostas visam, igualmente, avançar para novas áreas, através da transferência legal de competências
a nível do atendimento e acompanhamento do apoio à ação social e prestacional; da gestão e prestação de
serviços de medicina veterinária; da gestão da orla costeira; da gestão de marinas e portos de recreio; do
licenciamento da náutica de recreio; da utilização de áreas sob jurisdição dos portos desde que não utilizadas