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13 DE JANEIRO DE 2017

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Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada

Rita Rato.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Elza Pais, saúdo-a por trazer, na

sua declaração política, as questões da igualdade e por ter refletido também sobre a importância da igualdade

no mundo do trabalho, tendo sido interessante ouvir agora a declaração da Sr.ª Deputada Ângela Guerra, do

PSD. É que as mulheres portuguesas estão fartas de ser usadas como propaganda política.

A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — É o que a senhora faz!

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — As mulheres portuguesas estão cansadas de ouvir falar em igualdade e em

conselhos de administração, porque isso é uma realidade que diz respeito a uma ínfima parte da realidade

laboral das mulheres portuguesas.

Não deixa até de ser interessante que empresas que ganharam prémios de igualdade violem princípios da

Constituição! É até interessante ouvir a Sr.ª Deputada Ângela Guerra falar do acordo que foi assinado com 14

empresas, em relação ao qual o PCP propôs ao anterior Governo que fizesse a fiscalização do seu cumprimento

quanto ao despedimento de trabalhadores, a cortes salariais, à articulação do horário de trabalho e à

precariedade, quando o que tivemos do Governo do PSD e do CDS nesta matéria foi zero!

A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Não diga mentiras!

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Nunca houve fiscalização destas matérias!

Isto porque uma coisa é atribuir prémios e dizer que as empresas contribuem muito para a igualdade, outra

coisa é a prática diária!

Houve inclusivamente setores, como o da banca, que foi um caso paradigmático, que ganhou prémios

sucessivos e foi onde houve mais despedimentos nos últimos anos.

Sr.ª Deputada Elza Pais, sobre as questões que nos trouxe do mundo do trabalho, queria dizer que, para

nós, as preocupações com a igualdade no mundo do trabalho vão obviamente para lá das questões das quotas

nos conselhos de administração das empresas cotadas em bolsa. É que, de facto, a realidade concreta e diária

com que as mulheres são confrontadas no mundo do trabalho passa por lhes perguntarem se têm filhos, se

estão a pensar engravidar, qual é a idade dos filhos! Isto é inaceitável e viola a Constituição da República

Portuguesa!

Efetivamente, para as entidades patronais, infelizmente, e apesar de todos os avanços, continua a haver

uma desproporção no cuidado a menores e a idosos, na medida em que o trabalho não remunerado continua a

incidir sobretudo sobre as mulheres, pelo que esta é, obviamente, uma questão que está hoje em cima da mesa.

Em relação às discriminações salariais, foi aprovado nesta Casa…

O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada Rita Rato, tem de terminar.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Termino, Sr. Presidente.

Dizia que foi aprovado por esta Casa, por unanimidade, em 2013, um relatório sobre as questões das

disparidades salariais. Passados quatro anos (fará agora no dia 8 de março de 2017), continuamos sem ter um

relatório e um diagnóstico sobre esta matéria.

Portanto, a questão que lhe coloco, Sr.ª Deputada, é se estará connosco para que aquilo que foi aprovado

em 2013, e nunca foi cumprido, possa, de uma vez por todas, sair do papel e traduzir-se num diagnóstico sobre

a realidade concreta do mundo do trabalho das mulheres.

Aplausos do PCP.