I SÉRIE — NÚMERO 54
10
Em segundo lugar, queria perguntar ao Sr. Primeiro-Ministro se é verdade que a Caixa Geral de Depósitos
vai pagar, ou já terá pago, despesas com escritórios de advogados ou consultores feitas pelo Dr. António
Domingues no tempo em que ainda não era presidente da Caixa Geral de Depósitos.
E, já agora, queria perguntar ao Sr. Primeiro-Ministro se sabe que despesas foram essas e se, de facto, elas
foram ou não pagas pela Caixa Geral de Depósitos.
Aplausos do PSD e de Deputados do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro para responder.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Passos Coelho, verifico que, relativamente
ao período de vigência do seu Governo, o PSD e o CDS têm a seguinte regra de partilha de responsabilidades:
quando falamos de BANIF, a Sr.ª Deputada Assunção Cristas diz que nada sabe, que nada tem a ver com a
história, porque nem sequer ouviu, alguma vez, falar desse assunto em Conselho de Ministros;…
Aplausos do PS.
… quando se fala do incumprimento pela administração fiscal, sob a tutela de um secretário de Estado do
CDS, é o Sr. Deputado, na altura Primeiro-Ministro, que «lava as mãos» e diz: «Nada tenho a ver com isto. Esse
é um assunto do secretário de Estado que era do CDS.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Pois informo o Sr. Deputado — se a sua bancada o deixar ouvir a minha resposta — que, hoje, essas
informações estão publicadas porque o nosso Governo fez publicar aquilo que durante quatro anos aguardou
publicação.
Aplausos do PS.
Portanto, o Sr. Deputado pode consultar e verificar que os dados que vieram a público não vieram por acaso;
vieram a público porque foi cumprida a ordem do atual Governo para que fossem publicados. Isto porque se
verificou que, de facto, estava por cumprir a publicação desses dados e por isso foi dada a ordem.
Relativamente à Caixa Geral de Depósitos, o Sr. Deputado terá estado desatento, mas desde a primeira hora
que eu tenho explicitado — aliás, como o Sr. Presidente da República também o fez — que nunca houve da
parte do Governo ou da parte do Sr. Presidente da República qualquer dúvida de que a alteração ao Estatuto
do Gestor Público em nada excetua quanto às obrigações de apresentar as declarações de rendimentos. Aliás,
essa dúvida, como eu já disse no último debate, não foi suscitada por nenhuma Sr.ª Deputada ou por nenhum
Sr. Deputado quando, na Assembleia da República, se apreciou o diploma. Aquilo que aqui foi debatido foi o
montante dos vencimentos e nunca nenhum Sr. Deputado teve dúvida sobre essa matéria. Ainda bem que não
tiveram porque agora o Tribunal Constitucional veio deixar o assunto totalmente claro.
Em segundo lugar, devo dizer-lhe que, relativamente ao período de vigência deste Governo, temos toda a
transparência para verificarem tudo aquilo que pretenderem. Aliás, tanto quanto sei, a divergência que existe no
seio da Comissão Parlamentar de Inquérito não se refere ao período de vigência deste Governo,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Não?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas, sim, ao período de vigência de outros governos…
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Não é verdade!