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I SÉRIE — NÚMERO 54

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O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, a Mesa não ouviu nenhum insulto, senão tinha interrompido a

sessão, como é óbvio.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Com certeza, Sr. Presidente.

Mas eu ouvi e só queria dizer que não me intimidam com os insultos.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Os insultos só demonstram que a irritação do vosso líder é contagiante.

Infelizmente, estão todos irritados.

Aplausos do PS.

O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Seja bem-educado!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, Sr. Deputado Pedro Passos Coelho, a sua irritação é inversamente

proporcional à confiança dos portugueses que, no mês passado, revelaram um índice de confiança que atingiu

um máximo que não se alcançava desde 2000. É para esses que trabalhamos, é para a confiança dos

portugueses. Só lamento que isso o irrite, porque isso devia também contagiá-lo e motivá-lo para olhar para o

futuro. No entanto, já vi que, definitivamente, está prisioneiro do passado e encurralado em tricas, porque nada

de relevante tem a dizer ao País — às portuguesas e aos portugueses.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.

Tem a palavra, para formular perguntas, o Sr. Deputado João Paulo Correia.

O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro,

o assunto das transferências de 10 000 milhões de euros para offshore, entre 2011 e 2014, sem o devido

acompanhamento e tratamento fiscal por parte da nossa administração tributária, é, no nosso entender, uma

matéria alarmante, grave e muito preocupante.

Mas, Sr. Primeiro-Ministro, mais grave até do que sabermos disso é, hoje, o Primeiro-Ministro desse Governo

ter trazido aqui, em vez das respostas que os portugueses querem saber, mais perguntas e ter sido incapaz de

responder por que é que isso aconteceu, porque, enquanto transferiam 10 000 milhões de euros para offshore

e não pagavam impostos, cortavam salários, cortavam pensões, cortavam no subsídio de desemprego…

Aplausos do PS.

… e até penhoravam habitações próprias e permanentes por dívidas ao fisco de 1000 e 2000 €.

O anterior Governo, Sr. Primeiro-Ministro, deixou uma autêntica bomba-relógio no nosso sistema financeiro.

O anterior Governo conhecia os problemas que afetavam o BANIF e decidiu metê-los na gaveta, como conhecia

também os problemas que afetavam a Caixa Geral de Depósitos e, aí, também optou por fingir que nada sabia.

Há uma informação da Inspeção-Geral de Finanças, a propósito de um relatório da Comissão de Auditoria e

Controlo Interno da Caixa, do segundo trimestre de 2014, que diz, nas suas conclusões — e isto foi do

conhecimento do anterior Governo no dia 14 de janeiro de 2015 —, que as imparidades, a 30 de junho de 2014,

ascendiam a 4635 milhões de euros, traduzindo um acréscimo de 313 milhões de euros, face ao trimestre

anterior. Isto prova que, de facto, o anterior Governo sabia e conhecia os problemas que afetavam a Caixa Geral

de Depósitos.

A Caixa Geral de Depósitos anda a merecer dos amuos e dos diferentes estados de espírito do PSD e CDS:

há dias em que querem sair da Comissão de Inquérito e há dias em que querem ficar na Comissão de Inquérito;

há dias em que são contra a interrupção dos trabalhos e há dias em que propõem a interrupção dos trabalhos;