23 DE FEVEREIRO DE 2017
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É preciso saber porque é que um despacho do anterior secretário de Estado não foi cumprido pela Autoridade
Tributária e, nesse sentido, por que é que não se publicaram os dados estatísticos; quando e exatamente em
que circunstâncias é que se trouxe à luz do dia essas discrepâncias e a possibilidade de ter havido
comunicações dos bancos ou do Banco de Portugal à Autoridade Tributária que não foram objeto de tratamento
para efeitos fiscais; quando é que o Governo tomou conhecimento dessa matéria e em que circunstâncias; se
isso se deveu ao facto de não ter havido publicação das estatísticas ou simplesmente se os factos não estão
ligados e o Governo teve conhecimento dessa matéria por qualquer outra via; averiguar que razões, no caso de
não ter havido tratamento fiscal, apresenta a Autoridade Tributária para o não ter feito; e se houve algum
envolvimento ou alguma responsabilidade política do Governo nessa matéria.
O Sr. PedroFilipeSoares (BE): — É só perguntar ao CDS!
O Sr. PedroPassosCoelho (PSD): — Tudo isso, Sr. Primeiro-Ministro, é essencial.
Portanto, ouviremos os responsáveis quer políticos, quer da Administração, atuais e anteriores, sobre estas
matérias e levaremos até às últimas consequências o apuramento dessa situação.
Quero dizer-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, que faremos hoje, na oposição, exatamente o contrário do que os
senhores, no Governo, e a maioria que o apoia estão a fazer relativamente à Caixa Geral de Depósitos,…
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
… onde existe uma plena ocultação e até uma violação das regras mais básicas de transparência apenas
porque o Governo pretende proteger informação que é relevante para a opinião pública, para o País, para esta
Casa e para o Parlamento porque ela lhe pode causar incomodidade.
Sr. Primeiro-Ministro, a mim não me causa nenhuma incomodidade o que se possa ter passado durante o
período em que exerci as funções que o senhor exerce hoje,…
O Sr. LuísMontenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. PedroPassosCoelho (PSD): — … mas lamento profundamente que a maioria que apoia o Governo
não tenha a mesma disponibilidade para que a verdade se possa apurar relativamente à Caixa Geral de
Depósitos, ao contrário do que quis sugerir a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sobre a Caixa em específico, quero colocar duas perguntas ao Sr. Primeiro-Ministro.
Em primeiro lugar, uma vez que citou um acórdão do Tribunal Constitucional a propósito das declarações de
rendimentos que deveriam ter sido apresentadas pelos ex-gestores da Caixa ao Tribunal Constitucional — aliás,
citou a parte em que diz que o decreto-lei que foi aprovado pelo Governo não os isentava dessas obrigações,
portanto, eles têm de as apresentar —, a minha pergunta é esta: se considera que esta interpretação do Tribunal
Constitucional é tão óbvia, porque é que o próprio Governo não foi pronto a fazer esse esclarecimento quando
foi publicado o decreto-lei? Porque é que o Sr. Primeiro-Ministro, desde então, não disse com clareza que essas
declarações tinham de ser apresentadas? E porque é que o Secretário de Estado Adjunto e das Finanças disse
exatamente o contrário, logo a seguir a ter sido suscitada a polémica a propósito desta matéria?
O Sr. LuísMontenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. PedroPassosCoelho (PSD): — Quer dizer que a alteração teria visado justamente impedir que os
deveres declarativos fossem preenchidos.
Pergunto, pois, porque demorou tanto tempo e não se antecipou, nesse caso ao Tribunal Constitucional,
sendo o autor da legislação que foi publicada.