I SÉRIE — NÚMERO 69
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O Sr. José Moura Soeiro (BE): — … porque entendemos que quem tem 40 anos de descontos e começou
a trabalhar antes dos 16 anos tem direito a uma reforma sem penalizações.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — É o seu limite?!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — É isso que entendemos que deve ser feito.
Sabemos que a proposta do Governo é um ponto de partida…
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Votará contra?!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — … e, certamente, contará com os contributos do Bloco de Esquerda, do
Partido Comunista Português, do Partido Socialista. Parece é que não vai contar com os contributos da direita,
mas ainda bem que não conta com eles, porque sabemos o que significaram as regras da direita: perseguição,
penalização e condenação dos pensionistas à pobreza.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Não respondeu!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Foi esse o contributo da direita.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra para uma declaração política, em nome do Grupo
Parlamentar do CDS-PP, o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Celebrámos, no passado dia
25, os 60 anos do Tratado de Roma.
Hoje, quatro dias depois, confrontamo-nos, pela primeira vez na história da construção europeia, com um
pedido de saída de um Estado-membro, e logo de um Estado-membro como o Reino Unido.
Esta coincidência, só por si, devia-nos levar a refletir sobre tudo o que conseguimos fazer enquanto europeus,
mas também sobre as falhas e omissões desta construção. A Europa não pode ser construída contra a
identidade dos Estados e dos povos, distante dos cidadãos, incapaz de responder aos seus anseios e inábil a
justificar a sua existência.
É compreensível e legítima a perplexidade dos cidadãos europeus face às dificuldades que as instituições
da União Europeia revelaram em resposta a crises muito sérias.
Várias vezes, no diálogo entre as instituições, não houve e continua a não haver respeito nem pelos
governos, nem pelos parlamentos nacionais, nem, sobretudo, pelos povos que ainda sofrem a aplicação de
programas de ajustamento muito exigentes.
Não nos esquecemos, também, que nas últimas seis décadas, com o projeto europeu, conseguimos construir
um espaço de paz, de prosperidade, de garantia das democracias no pós-guerra, um modelo económico e social
que assenta no diálogo e na concertação social, um modelo que representou a maior potência comercial, o
maior mercado único do mundo e, também, um modelo de apoio à coesão territorial e Portugal beneficiou
durante muito tempo dessa mesma matéria.
Mas se, por um lado, nunca vivemos tantos anos de paz e estabilidade, também nunca vivemos tantos anos
consecutivos de crise, e isso não pode, nem deve ser ignorado.
A Europa vive uma das crises mais profundas desde a sua criação e esta crise tornou-se tão prolongada que
quase a faz parecer trivial.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Os anos mais duros da crise económica e financeira europeia
fomentaram sentimentos de regresso a uma Europa nacionalista e protecionista. Causaram um risco de divisão
ou de perceção entre duas Europas, uma do sul, outra do norte, ou como alguns querem querer, entre devedores