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30 DE MARÇO DE 2017

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e credores, ricos e pobres, bons e maus. E esses sentimentos não são só acicatados pelos populistas e

extremistas, à esquerda e à direita; são-no, muitas vezes, por quem tem responsabilidade ao nível do processo

de decisão europeu, como comprovam as recentes declarações do Presidente do Eurogrupo, o Ministro das

Finanças socialista da Holanda, que envergonham o espírito de solidariedade e coesão europeu.

Aplausos do CDS-PP.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, vivemos hoje um momento que exige mais empenho, maior

participação democrática e um aprofundado debate sobre os caminhos que a Europa deve percorrer. Ninguém

pode honestamente prever o que seria a Europa se, porventura, a União Europeia falhasse, mas não creio que

fosse nada de bom, ao contrário do que muitas vozes isolacionistas, em Portugal e fora dele, vão dizendo.

Convém que não nos esqueçamos que o Governo de Portugal assenta numa coligação parlamentar em que

três dos quatro partidos defendem a saída de Portugal da zona euro ou, citando o agora eufemismo do Bloco

de Esquerda, em que «é urgente preparar a saída do euro».

O Ministro das Finanças português, que hoje (e de, todos os dias, logo hoje…!) está em Londres a pedir

confiança aos investidores internacionais, vai ter de lhes explicar que só é Ministro porque em Lisboa há um

governo a que chamam geringonça — contraption, dirá o Sr. Ministro, em inglês —, que assenta numa maioria

contra o euro, contra a agenda comercial da Europa e — não sei se chegam a dizê-lo, mas que muitos pensam,

lá isso pensam — contra a própria pertença de Portugal à União Europeia.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — E, talvez por isso, a confiança dos investidores continue a afastar-

se de Portugal de uma forma tão evidente.

Mas será que é isto que os portugueses querem? Vimos, nas últimas eleições, vimos em todas as eleições

até hoje, que não.

Os portugueses querem defender a reputação internacional de Portugal, sabem que conseguimos

ultrapassar um tempo muito difícil e doloroso para recuperarmos a nossa liberdade e soberania como país e têm

o bom senso de querer Portugal no espaço da moeda única.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, as múltiplas crises que assolam a União Europeia têm um

denominador comum: a falta de solidariedade. As exigências das nossas sociedades não podem ficar sempre à

espera do resultado de uma eleição, do resultado de um referendo, ou da discussão teórica de cenários em

branco. Não podemos continuar a assistir ao constante adiamento de decisões que são vitais para a União

Europeia mas que são, acima de tudo, muito importantes para Portugal.

Não alinhamos no discurso de quem diz que precisamos hoje de mais Europa, até porque isso pode significar,

em muitos casos, menos Europa.

Estamos, sim, a falar de uma «recalibragem» da agenda europeia e da adoção de medidas que já estão mais

do que acordadas, mas continuam, desde há muito tempo, por concretizar.

Falo da concretização da união económica e monetária, nomeadamente com a última peça da união

bancária, o sistema europeu de seguro de depósitos, que reduz os riscos do sistema bancário mas, acima de

tudo, garante o financiamento da economia, essencial para termos um crescimento sustentável, sólido e capaz

de continuar a gerar criação de emprego.

Falo do alargamento do plano Juncker; falo do pilar social da Europa e, muito especialmente, da promoção

de iniciativas que ajudem a contrariar as elevadas taxas de desemprego jovem, mas também o desemprego de

longa duração.

Falo do reforço do controlo pleno das nossas fronteiras externas e da restituição do sistema Schengen, da

cooperação dos serviços de segurança, de forma a podermos atacar o problema da segurança e do terrorismo

que assola a fronteira europeia.

Falo da reversão do atraso crónico nas interconexões energéticas entre a Península Ibérica e a França.

No momento em que comemoramos os 60 anos do Tratado de Roma temos de ter a capacidade de explicar

que a erosão da solidariedade ao nível europeu também passa pelo adiamento de decisões que são importantes

para a União Europeia, mas especialmente vitais para um País como Portugal, que hoje, face ao que conseguiu