30 DE MARÇO DE 2017
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Esta é uma contradição enorme. Se a Europa é tão fundamental para o crescimento de Portugal, em todas
as dimensões, se a Europa é tão desejada, por que é que os senhores não falam mais nisso? Por que é que os
senhores, olhos nos olhos, não falam mais nisso, com os partidos que vos suportam no poder? Têm medo de
perder a face? Têm vergonha de falar uns com os outros sobre uma matéria tão decisiva e tão importante para
o País?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, agradeço que termine, por favor.
O Sr. Luís Campos Ferreira (PSD): — Ou esta matéria, posta desta forma, como o Sr. Deputado Vitalino
Canas o fez, aqui, no Parlamento, não passa de uma hipocrisia enorme do Partido Socialista?
Protestos dos Deputados do PCP António Filipe e João Oliveira.
Sr. Deputado, como é que o Partido Socialista, com estes aliados que desde a primeira hora foram contra a
União Europeia — desde a primeira hora, não é de agora nem fruto destas circunstâncias — pode defender a
Europa? Que condições políticas, que credibilidade tem este Partido Socialista, dentro e fora, para ajudar à
reconstrução europeia?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. Luís Campos Ferreira (PSD): — No fundo, era essa a pergunta que lhe queria deixar.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder aos pedidos de esclarecimento, tem a palavra o
Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, quero deixar um
agradecimento muito especial aos Srs. Deputados Vitalino Canas e Luís Campos Ferreira.
Sr. Deputado Vitalino Canas, a Europa, há 60 anos, foi construída para ser um projeto de paz e prosperidade,
um projeto que garantisse as democracias muito especialmente contra os totalitarismos do pós-guerra, mas,
quando aderimos, em Portugal, no dia 1 de janeiro de 1986, foi para garantir um regime democrático que era
novo e que queria, efetivamente, afirmar-se. Talvez por isso, Sr. Deputado, em 1986 existisse um conjunto de
partidos contra a adesão de Portugal à então CEE que hoje continuam a ser contra a pertença de Portugal à
União Europeia,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — O CDS também estava nesse grupo!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — … porque, muito provavelmente, não acreditam nesse modelo de
democracia plural, nesse modelo de democracia participativa, nesse modelo de democracia das democracias
europeias.
Nesse sentido, quero também responder ao Sr. Deputado Luís Campos Ferreira, dizendo que
compreendemos por que é que esses partidos eram contra a adesão de Portugal à CEE e hoje continuam a ser
contra a pertença de Portugal à União Europeia.
Protestos do PCP.
Sr. Deputado, há um ponto que não podemos esquecer. A resposta que a União Europeia der ao tema do
Brexit vai marcar muito a forma como a União Europeia se vai construir nos próximos anos e este é um tema
que nos preocupa muito. Certamente que a saída do Reino Unido da União Europeia é algo de mau dos dois
lados do canal. Para Portugal é especialmente mau porque a vertente atlântica da própria União Europeia é
diminuída; para o Reino Unido será certamente mau, pois vemos que, do ponto de vista interno, já há um pedido