I SÉRIE — NÚMERO 72
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Uma segunda reflexão é sobre a colaboração entre os serviços de informações e a credibilidade internacional
destes serviços.
Uma terceira reflexão é sobre a cooperação entre as forças e os serviços de segurança.
Por último, é necessário uma reflexão no sentido de pensarmos e sabermos se nós, em Portugal, já fizemos
tudo o que podemos para estar preparados para qualquer eventualidade, que, felizmente, não ocorreu e que,
obviamente, todos desejamos muito que não venha a ocorrer.
É certo que Portugal tem estado a salvo, mas não é menos verdade que o Relatório Anual de Segurança
Interna (RASI), apresentado a este Parlamento há meia dúzia de dias, nos refere que, em Portugal, relativamente
a este risco, os fatores estão alterados, que há sinais de movimentações e que o País tem de estar preparado
para poder responder a uma situação deste tipo.
Sr.as e Srs. Deputados, sublinho e deixo muito claro, sem nenhum alarmismo, que é evidente que não
queremos pôr a discussão em termos de prescindir de liberdade para ter mais segurança. O que queremos
saber é que segurança temos de ter, dentro do possível e do razoável, para podermos continuar a viver em
liberdade,…
Aplausos do CDS-PP.
… para que não aconteça como aconteceu a uma mãe, casada com um português, que ia buscar os seus
filhos a Londres ou a crianças e jovens que estavam no metro de São Petersburgo ou a jovens que foram a um
espetáculo em Paris. É isso que nós não queremos!
O CDS apresentou um conjunto de projetos que têm a ver com a realidade dos nossos aeroportos e das
nossas fronteiras externas.
De entre esse conjunto de projetos que apresentamos, um, visa saber se os nossos aeroportos têm planos
de segurança eficazes, outros têm a ver com a nossa fronteira marítima, com a existência de planos para todas
as nossas infraestruturas críticas — é indispensável termos planos para todas as infraestruturas críticas —, com
a melhoria da realidade do policiamento de proximidade — sabemos que este tipo de acontecimentos, mais do
que serem combatidos, podem ser prevenidos e, portanto, é preciso que as nossas forças e serviços de
segurança estejam preparados para isso — e, mais importante, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, lançamos
e colocamos em cima da mesa a célebre questão dos metadados. É um dos sete projetos que apresentámos e
que, brevemente, teremos ocasião de discutir.
O que está em causa com os metadados? Que os nossos serviços de informações tenham acesso a dados
financeiros, a dados fiscais, a dados de comunicações de suspeitos de terrorismo. É isto que está em causa.
Não estão em causa as escutas. Há muitos serviços de informações por essa Europa fora que têm direito e
acesso a escutas. Todos, repito, todos, na Europa, têm acesso a metadados. Portugal é o único país na Europa
em que os serviços de informações não têm acesso a metadados.
O Governo anterior apresentou uma proposta que não passou porque foi declarada inconstitucional, mas, na
minha opinião e numa leitura estrita, todos sabemos o que é preciso fazer para alterar essa matéria, todos
sabemos que existem caminhos para resolver esse problema. O CDS já pôs a sua proposta em cima da mesa,
já entregámos a nossa proposta.
O que queremos saber aqui, hoje, é se vai haver ou não resposta em relação a essa matéria.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Há quase um ano e meio que perguntamos ao Governo e a verdade é
que há um ano e meio que o Governo nos diz que está a estudar e a ponderar.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Em Plenário e em sede de Comissão, já perguntei à Sr.ª Ministra da Administração Interna — para mais uma
jurista qualificada! — se o Governo vai apresentar uma solução. Diz que está a ponderar, diz que está a estudar.