I SÉRIE — NÚMERO 72
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Petersburgo, como aqui o Sr. Deputado já referiu. Toda a nossa solidariedade para com esses povos e todo o
pesar para com essas vítimas. Mas não esqueçamos que enquanto o Sr. Deputado Telmo Correia intervinha já
se contou em mais de 70 as vítimas do ataque químico, um ataque horrendo, um ataque cobarde, que ocorreu
ontem na Síria. Para com essas vítimas está também todo o nosso pesar e para com o povo sírio, que está ser
completamente chacinado, vai toda a nossa solidariedade.
No rescaldo deste ataque absolutamente horrendo e cobarde, como se disse, não se pode legitimar a ação
de Putin dentro e fora de portas. Este branqueamento de Putin não é aceitável. Uma coisa é a solidariedade
para com o povo russo; outra é a legitimação de atropelos a direitos individuais, à democracia e ao Estado de
direito, a que Putin não é alheio.
Aplausos do BE.
Não absolvemos, não podemos absolver Putin da responsabilidade em crimes de guerra e, Sr. Deputado, o
desafio que se nos coloca à frente é o de garantir o total respeito pelos direitos e pelas liberdades dos povos.
Este direito fundamental é realmente o da liberdade.
Sr. Deputado, os metadados foram chumbados, já aqui foi referido, por serem inconstitucionais. Sabemos
que o CDS não convive bem com a Constituição, mas para o Bloco de Esquerda isso é absolutamente
fundamental. A utilização de metadados equivale a escutas telefónicas e é um atropelo claríssimo à liberdade e
aos direitos individuais, com o qual o Bloco de Esquerda não compactua e não pode aceitar. Portanto, esse não
pode ser o caminho.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado
Fernando Negrão.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Telmo Correia, na
sua pessoa, saúdo o CDS por trazer o tema da segurança a debate nesta Casa, tema suficientemente
importante. Nós já o fizemos há cerca de um mês de outra forma e agora falamos de terrorismo.
Ouvi o Sr. Deputado Telmo Correia falar de terrorismo e ouvi, primeiro, o Partido Socialista falar do RASI —
mas não falou de terrorismo — e o Bloco de Esquerda falar dos direitos humanos na Rússia — mas não falou
de terrorismo.
Pergunto: será que o terrorismo não nos preocupa a todos nesta Câmara? Será que o terrorismo não é uma
forma de criminalidade que, mês sim, mês não, se revela em ataques terroristas mortíferos com dezenas e
dezenas de mortos? Será que a questão dos metadados não é uma questão que nos preocupa?
Já o anterior Governo teve uma iniciativa nesta área e pressionou sempre para que se pudesse ultrapassar
e dotar os serviços de informação com este sistema de metadados, que não é mais do que saber quem faz a
chamada de onde para onde. Resume-se a isto.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Já existe!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Foi declarado inconstitucional, é um facto, mas ainda hoje o PSD, no
Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa e no Conselho Superior de
Segurança Interna continua a pressionar para que tenhamos efetivamente metadados a funcionar nos nossos
serviços de informação. Os serviços de informação precisam disso como «de pão para a boca». Não estamos
a falar de escutas telefónicas, estamos só a falar de localização humana de quem faz as chamadas de onde
para onde.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Já existe!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — O combate ao terrorismo precisa de dar ferramentas às polícias e essas
ferramentas têm que ser dadas igualmente aos serviços de informação e estes, hoje, não têm ferramentas.