6 DE ABRIL DE 2017
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Mais: ninguém sabe, por exemplo, o que é que acontecerá àquelas matérias que entraram em vigor antes
dos processos de ratificação no caso de um dos Estados vir a recusar a sua ratificação e também ninguém sabe
qual é o tribunal competente para os litígios que se venham a verificar antes dos processos de ratificação, o que,
de facto, torna o processo ainda mais estranho.
Sr.ª Deputada Carla Cruz, não lhe parece que esta jogada — diria que é uma jogada baixa — da Comissão
Europeia de fazer entrar em vigor o CETA antes de os Parlamentos nacionais se pronunciarem sobre a sua
ratificação constitui uma forma absolutamente inadmissível de pressão e até de chantagem para obrigar outros
Estados a ratificarem um processo que deveria ser livre na decisão de cada Estado?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Lara
Martinho.
A Sr.ª LaraMartinho (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Carla Cruz, cumprimento o PCP por ter trazido,
novamente, o tema do CETA a esta Assembleia e por mantê-lo na agenda política, o que permite, por um lado,
um debate aprofundado sobre este Acordo e, por outro lado, o contributo para o esclarecimento dos portugueses
sobre um tema que é tão complexo.
Sempre quisemos que este fosse um processo transparente, aberto, participado e, por isso, todos os debates,
todas as declarações e todas as perguntas são muito bem-vindas.
O próprio Governo tem feito um esforço no sentido de esclarecer os portugueses, tanto que hoje está a
decorrer um debate sobre o CETA no norte do País.
Para o PS, este é um Acordo importante para o nosso País, para a nossa economia, para as nossas
empresas, para as nossas comunidades e para a nossa população. Não é, sem dúvida, um Acordo perfeito,
mas é um Acordo que permitiu avançarmos em muitos aspetos, desde a introdução de um tribunal de
investimento permanente, com flexibilidade em termos de matéria de direitos laborais e ambientais, garantindo
e preservando o direito de os Estados legislarem em áreas de interesse público e com impactos imediatos na
economia portuguesa, através da eliminação de tarifas em setores como o do têxtil-lar, o do calçado, o do
imobiliário e o da cerâmica, bem como o reforço da quota de exportações de queijos, o que terá um impacto tão
importante para o nosso País e o reconhecimento das indicações geográficas.
Com a entrada em vigor deste Acordo, a nossa economia terá mais um mercado de oportunidades para
explorar, numa altura em que é fundamental às nossas empresas encontrarem novos mercados.
Por tudo isto, acreditamos que este Acordo trará um conjunto de benefícios para o nosso País.
Conhecemos, desde a primeira hora, a posição do Partido Comunista relativamente a este Acordo, que é
uma posição de muita reserva e com muitas questões. Mas, tendo em conta que tudo indica que o CETA entrará
em vigor dentro de pouco tempo, questiono a Sr.ª Deputada Carla Cruz sobre o seguinte: quais as salvaguardas
e quais as garantias que consideram que podemos ainda reivindicar no âmbito das comissões mistas que serão
criadas no domínio do CETA?
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª LaraMartinho (PS): — A Sr.ª Deputada Carla Cruz disse que pugnavam por acordos amplamente
vantajosos, mas eu diria que este é um acordo contra os atuais bloqueios amplamente desvantajosos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª CarlaCruz (PCP): — Sr. Presidente, agradeço ao Sr. Deputado José Luís Ferreira e à Sr.ª Deputada
Lara Martinho as questões que me colocaram e começo, se me permite, Sr. Deputado José Luís Ferreira, por
responder à Deputada Lara Martinho.
A Sr.ª Deputada disse que este será um momento de oportunidade para o nosso País. Nada mais falso, Sr.ª
Deputada! Este não é, de facto, um mundo de oportunidades como o Acordo diz, como a Sr.ª Deputada tem