6 DE ABRIL DE 2017
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Mais, Sr.ª Deputada: sabe que o Sr. Ministro da Agricultura disse aqui, em fevereiro, que tinha executado
27% do Programa de Desenvolvimento Rural. Sabe o que disse a Autoridade de Gestão nomeada pelos
senhores, passadas duas semanas? Disse que só tinham executado 23%, ou seja, menos 4%. Sabe quanto é
que isso representa para a agricultura? Representa 148 milhões, repito, 148 milhões a menos do que aquilo que
o Sr. Ministro diz.
Sr.ª Deputada Júlia Rodrigues, o PS ainda tem um grande caminho a percorrer para construir uma opção
viável, uma opção certa para o setor agrícola.
Sr. Deputado Carlos Matias, permita-me que lhe diga aquele que é o grande desígnio da PAC. O grande
desígnio da PAC não é ajudar os grandes nem os pequenos, é ajudar os consumidores, para que possam ter
comida mais barata no prato, para que possam ter produtos de melhor qualidade a preços mais acessíveis.
O Sr. Deputado diz que a PAC não está no caminho certo, mas o senhor tem uma boa solução: em vez de
se demitir da responsabilidade de discutir esses assuntos, dizendo que não quer estar na Europa, em vez de
não querer dinheiro da PAC, porque sem esse dinheiro não existiam agricultores, nem pequenos, nem grandes,
não existia agricultura em Portugal, seja responsável, apresente alternativas, apresente propostas e lute por
aquilo que todos queremos, que é uma PAC melhor, uma PAC que sustente melhor a agricultura quer nos países
do norte da Europa, quer nos do centro ou mesmo nos do sul da Europa.
Esse é o grande desafio que este Parlamento e o Governo português têm nos próximos anos: apresentar
propostas e ter uma PAC ao nível dos desafios que Portugal enfrentará nos próximos anos. E está nas suas
mãos, Sr. Deputado: em vez de se demitir dessa responsabilidade, trabalhe para ela!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João
Ramos.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Nuno Serra, trouxe-nos hoje aqui um tema
importante, o tema da agricultura, e trouxe-nos a posição do PSD, que, na oposição, não é muito diferente
daquela que tinha no Governo, apresentando um conjunto de perspetivas,…
O Sr. Nuno Serra (PSD): — Felizmente! Obrigado!
O Sr. João Ramos (PCP): — Agradeça-me quando eu acabar, por favor, Sr. Deputado.
Como estava a dizer, apresentou aqui um conjunto de perspetivas de sucesso que, se calhar, podem ser
facilmente verificadas no agronegócio, na grande produção, mas esquecem a pequena agricultura, a agricultura
familiar. E fazem-no hoje, na oposição, como o fizeram quando eram Governo, ignorando precisamente estas
dificuldades.
Vem o Sr. Deputado falar aqui em sucesso, com o contributo do PSD e do CDS, que até tinham um ministério
próprio, esquecendo os milhares de postos de trabalho que se perderam na agricultura enquanto os senhores
estiveram no Governo, e que se continuam a perder, e esquecendo que uma parte desse sucesso, infelizmente,
está associado, não se consegue desligar de notícias em torno do trabalho ilegal, do trabalho escravo na
agricultura. Mas sobre estas matérias o Sr. Deputado não disse nem uma palavra.
O Sr. Deputado certamente não gostará de que quem pode mais pague mais e quem pode menos seja
protegido. Os senhores não fizeram isso enquanto foram Governo e agora também não querem que se faça.
O Sr. Deputado falou nos jovens agricultores e, já agora, gostava que nos dissesse quais são os números
relativos aos jovens agricultores, porque a Sr.ª Ministra da altura, Assunção Cristas, nunca nos disse o número
de jovens agricultores e a percentagem que, passados os cinco anos de instalação obrigatória, permanece na
agricultura.
Não disponho de muito tempo, Sr. Deputado, mas, no âmbito do sucesso da vossa governação, ainda
podemos falar das visitas que a Comissão de Agricultura fez ontem. De cada vez que o PCP apresentava aqui
iniciativas para terminar os projetos do Mondego e do Baixo Mondego, o PSD dizia que não era preciso,…
Protestos do PSD.