I SÉRIE — NÚMERO 72
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A Fortaleza de Peniche é um monumento nacional integrante da nossa memória coletiva que, ao longo da
história, teve diferentes usos e vivências plenas de significado. Foi um lugar de repressão durante o Estado
Novo e é também por isso um símbolo maior da resistência contra a ditadura e da luta travada em nome da
liberdade.
Aplausos do PS.
Os subscritores da petição desejam perpetuar o monumento, enquanto símbolo da repressão fascista e da
luta pela liberdade. Todos, mas mesmo todos, estamos empenhados na concretização deste nobre objetivo.
O Governo retirou a Fortaleza de Peniche do programa Revive e, como disse o Sr. Ministro da Cultura, «(…)
o que se fizer (…) tem de respeitar, perpetuar e valorizar a memória da luta pela democracia».
O Governo não desistiu da Fortaleza. O Governo não desiste da Fortaleza. Por isso mesmo, foi constituído
um grupo consultivo para a Fortaleza com a missão de apresentar, brevemente, uma proposta onde se
contemplem os usos possíveis para a Fortaleza, no respeito pela preservação da memória da sua história, bem
como a sua viabilidade económica.
Existe, hoje, um largo consenso entre a posição dos subscritores da petição, do Governo, a recomendação
que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista apresenta e as expectativas das populações, nomeadamente as
de Peniche.
O projeto de resolução apresentado pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista prevê, portanto, a criação
de um espaço museológico e de um memorial da resistência à ditadura e de homenagem a todos os presos
políticos detidos na Fortaleza de Peniche, bem com a dignificação do museu municipal, com o objetivo de não
apagar a memória e de potenciar a fruição cultural.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr.ª Deputada, por favor.
A Sr.ª Odete João (PS): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que a preservação do património edificado da
Fortaleza de Peniche e a valorização da memória histórica, enquanto símbolo da resistência ao fascismo,
constitui-se, assim, como um imperativo nacional.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita para uma
intervenção.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do Partido
Comunista Português saúda os milhares de peticionários que solicitam a proteção do Forte de Peniche da
concessão a privados.
Saudamos, de forma particularmente sentida, os ex-presos políticos, os seus familiares, amigos e
democratas presentes nas galerias da Assembleia da República que nos trazem, de forma viva, a necessidade
da defesa e preservação da memória da resistência coletiva ao fascismo.
Aplausos do PCP.
Queremos dizer que não esquecemos as vidas privadas de liberdade. Não esquecemos os 2500 presos que
passaram pelos edifícios da cadeia do Forte de Peniche, complexo que comporta uma dualidade marcante,
enquanto um dos mais significativos e sinistros símbolos da repressão e, simultaneamente, da resistência e da
luta contra o fascismo, um local onde o som batido das ondas do mar era mais um fator de tormento para quem
se encontrava num regime prisional marcado pela violência, arbitrariedade e humilhação constantes.
O PCP defende que pela sua carga histórica, simbólica, emocional, política e patrimonial a Fortaleza de
Peniche e o restante edificado, incluindo os edifícios respeitantes à prisão política de alta segurança do regime
fascista, devem ser considerados como um verdadeiro conjunto, um todo indivisível, inseparável da sua função