2 DE JUNHO DE 2017
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O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Temos, assim, uma atividade regulamentada ao pormenor.
«Os Verdes» até acompanham o PSD quando este afirma, na exposição de motivos da iniciativa legislativa
que agora estamos a discutir, o seguinte, e passo a citar: «(…) de um ponto de vista regulatório, o interesse
público eleito como o mais relevante deve ser o da melhoria da mobilidade, da segurança e do bem-estar do
utilizador dos serviços, sem perder de vista a sustentabilidade de todos os operadores económicos presentes
no mercado individual de transportes, o que inclui, por exemplo, os serviços de táxi, que não podem ser
colocados numa situação de desfavor regulatório em detrimento de novos modelos de negócio.»
Estamos de acordo, mas não é isso, de facto, que resulta da leitura do projeto, por dois motivos, Sr. Deputado.
Por um lado, porque o PSD, em termos de licenciamento continua a defender um processo mais exigente e mais
rigoroso com os serviços de táxi do que com os outros operadores. Basta atender ao facto de a atividade de táxi
estar sujeita a um licenciamento por parte da câmara municipal onde se pretende exercer a atividade de táxi e
os outros operadores estarem, aparentemente, libertos desse licenciamento.
Por outro lado, o PSD considera que na atividade de táxi o preço deve ser determinado por diploma legal e
nos outros casos o preço é livremente determinado pelas partes. Ora, o preço é um elemento essencial de
qualquer contrato — inclusivamente nos contratos de adesão, é sempre um elemento essencial.
O que resulta do projeto do PSD é que, para os táxis, o preço é determinado por diploma legal e nos outros
são as partes que o determinam. Ora, o que nos parece é que, tanto ao nível do licenciamento como ao nível
da determinação do preço do serviço prestado, o articulado da proposta não está em sintonia com o texto da
exposição de motivos, nomeadamente quando o PSD refere que os serviços de táxi não podem ser colocados
numa situação de desfavor regulatório em detrimento de novos modelos de negócio.
É sobre esta contradição que incide o meu pedido de esclarecimento. Sr. Deputado Paulo Neves, como é
que se pode compatibilizar este tratamento desigual entre os táxis, por um lado, e os outros operadores, por
outro, com o objetivo enunciado na exposição de motivos, onde se afirma que os serviços de táxi não podem
ficar numa situação de desfavor?
Era bom, Sr. Deputado, que nos pudesse explicar como é possível compatibilizar isto, porque, em suma,
parece-nos, da vossa iniciativa legislativa, que aquilo que o PSD pretende é instituir, ou legitimar pela via
legislativa, a concorrência desleal.
Para esse peditório, Sr. Deputado, Os Verdes não vão dar.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem ainda a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Ricardo Bexiga, do
Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, estranhamos muito a oportunidade
política desta iniciativa do PSD.
Aliás, vou confessar que estávamos à espera que quem apresentasse esta proposta não fosse o Sr.
Deputado Paulo Neves mas, sim, a Sr.ª Deputada Teresa Leal Coelho, porque, de facto, só vemos esta iniciativa
legislativa do PSD no quadro de lançamento de uma pré-campanha eleitoral autárquica.
É que o PSD foi Governo e nada fez para resolver este problema; discutimos várias vezes neste Plenário
esta problemática e o PSD não apresentou nenhuma proposta; estamos a discutir, na especialidade, não só a
questão da regulação das plataformas eletrónicas de transportes mas tudo o que diz respeito à questão do
transporte público de passageiros e o PSD, até agora, nunca se apresentou a debate com alguma proposta que
trouxesse algo de novo a esta problemática.
Por outro lado, sabemos que o Governo apresentou atempadamente um proposta de lei para, precisamente,
regulamentar o funcionamento destas plataformas — inclusivamente, o Governo promoveu a constituição de um
grupo de trabalho para a modernização do setor do transporte público de passageiros, que já apresentou as
suas conclusões —, sabemos também que o IMTT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes, I.P.) está, neste
momento, a preparar um pacote legislativo para regular toda a complexidade legislativa que regulamenta esta
matéria e o PSD também aqui não nos apresentou nenhuma proposta.