I SÉRIE — NÚMERO 97
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Desta forma, o trabalhador perde em toda a linha: perde direitos ou não chega sequer a adquiri-los, perde
segurança no emprego e perde em termos salariais.
Em bom rigor, os contratos a prazo, assim como os contratos de trabalho temporário que visam satisfazer
necessidades permanentes das empresas, não são substancialmente nem contratos a prazo nem contratos de
trabalho temporário, são uma fraude, são uma mentira. E também nas relações laborais a mentira, a fraude e o
que é falso são conceitos estranhos, que, por isso mesmo, deverão ser combatidos com toda a firmeza.
Os Verdes farão a sua parte: votarão a favor destas iniciativas legislativas.
Aplausos do BE e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Carlos Monteiro.
O Sr. AntónioCarlosMonteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Na semana passada,
num debate agendado pelo Bloco de Esquerda sobre o banco de horas e contratos de trabalho a termo, tivemos
a oportunidade de discutir dois projetos de lei do Bloco e três do PCP. Relembro que os projetos de lei do Bloco
não foram sequer votados e os três do PCP foram reprovados.
Nem uma semana passou e cá estamos, de novo, num debate agendado pelo PCP, a discutir dois projetos
de lei do PCP e um do Bloco, novamente sobre contratação a termo. Ou seja, nada de novo à esquerda.
Protestos do BE e do PCP.
O PCP e o Bloco de Esquerda voltaram a acotovelar-se e mesmo a andar aos encontrões para verem quem
faz a voz mais grossa ao Governo do PS, ao seu Governo, sem que tenham qualquer resultado prático e sem
que retirem qualquer consequência política desse facto. Relembro que é o vosso Governo!
Este debate é apenas um debate a fingir.
A Sr.ª IsabelPires (BE): — Só se for para o CDS!
O Sr. AntónioCarlosMonteiro (CDS-PP): — É para iludir quem? Os sindicatos?
Diria, mais uma vez, que não trazem nada de novo a debate. O PCP e o Bloco de Esquerda voltaram a
agendar estes projetos sem ouvirem a concertação social — nada de novo, desprezaram novamente a
concertação social.
O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — É verdade!
O Sr. AntónioCarlosMonteiro (CDS-PP): — Mais uma vez, o projeto do Bloco não pode ser votado porque
não cumpriu o prazo de consulta pública — nada de novo, outra vez.
Já agora, pergunto: o PCP e o Bloco negociaram com o Partido Socialista a aprovação destes projetos de
lei, ao contrário do que aconteceu na semana passada? Será que o PS mudou de ideias em relação ao
compromisso de não alterar a lei laboral em 2017 sem ir à concertação social? Será que o PS já não está a
favor da estabilidade da legislação laboral? Bom, o PS ainda não falou, mas não me parece.
Diria, mais uma vez, que à esquerda nada de novo. Então, para que serve este debate? Com toda a
franqueza, serve para muito pouco, é apenas uma manifestação do vosso preconceito ideológico, é o vosso
sinal de vida.
Por muito que vos custe ouvir, Srs. Deputados, o desemprego está a baixar com a legislação que foi aprovada
pelo Governo PSD/CDS, ao contrário do que os senhores andaram a dizer.
O Sr. JoséLuísFerreira (Os Verdes): — Haver 500 000 desempregados não conta, não é?!
O Sr. AntónioCarlosMonteiro (CDS-PP): — Aproveito também para desmentir outra afirmação que
fizeram, a de que os contratos a termo aumentaram com este legislação do PSD/CDS.